Resumo

Os marsupiais do gênero Didelphis spp., conhecidos popularmente no Brasil como Gambá ou Cassaco, são animais selvagens que podem ser encontrados constantemente nos ambientes domiciliar e peridomiciliar. Devido a esta espécie se encontrar próximo ao convívio humano e até em sua alimentação, podendo veicular bactérias com virulência elevada, objetivou-se identificar a microbiota das mucosas bucal, cloacal, conjuntival e do conduto auditivo de D. albiventris. Utilizou-se sete marsupiais de vida livre, clinicamente saudáveis, do município de Viçosa - Alagoas, capturados com armadilhas do tipo artesanal, colocadas em área peridomiciliar. Para a colheita das amostras realizou-se o protocolo anestésico com a associação de cloridrato de quetamina (30mg/Kg) e Xilazina (2mg/kg). As amostras foram colhidas dos dois olhos, conduto auditivo, cloaca e da cavidade oral, por meio de swab estéril. O material foi semeado pela técnica de esgotamento de alça em placas contendo meio ágar-sangue de ovino, e meio ágar McConkey. Em seguida foram incubadas por 48 horas em ambiente de aerobiose a 37°C. As amostras foram submetidas à observação de características macroscópicas das colônias, e microscópicas do agente, por meio de coloração de Gram. Identificou-se as bactérias por suas características fenotípicas através de provas bioquímicas. Na mucosa oral a bactéria encontrada com maior frequencia foi Staphylococcus sp com 45,82% (9/22) seguida de Bacillus sp com 13,63% (3/22); Enterobacter sp, Citrobacter sp e Providencia sp, com 9,09% (2/22); e Streptococcus sp, Salmonella sp, Serratia sp e Proteus sp. com 4,54% (1/22). Na mucosa cloacal Staphylococcus sp apresentou uma frequencia de 40% (4/10), Enterobacter sp e Klebsiela sp apresentaram 20% (2/10), e Citrobacter sp e Proteus sp, 10% (1/10). No conduto auditivo Staphylococcus sp representou 50% (10/20) dos agentes identificados; Bacillus sp representou 35% (7/20) e Streptococcus sp 15% (3/20). Na conjuntiva ocular Staphylococcus sp predominou com uma frequencia de 62,50% (10/16), seguida por Bacillus sp com 18,75% (3/16); Micrococcus com 12,50% (2/16), e Streptococcus sp com 6,25% (1/16). Após observação dos resultados conclui-se que a microbiota de diferentes mucosas do D. albiventris é contituída por bactérias patogênicas com elevado potencial de virulência, podendo acarretar na transmissão de zoonoses para o homem.