Resumo

Apesar dos diversos mecanismos utilizados pelas formigas da tribo Attini para manter suas colônias livres de outros micro-organismos que não o fungo mutualista, alguns podem vencer essas barreiras e sobrevivem no interior dos ninhos. Na verdade, uma ampla microbiota constituída por bactérias, leveduras e fungos filamentosos está presente no interior dos ninhos. Fizemos a caracterização da comunidade de leveduras do jardim de fungo e do material orgânico descartado (lixo) de ninhos da formiga cortadeira Acromyrmex balzani existentes em duas áreas de cerrado: preservada e perturbada. Amostras de jardins de fungo e de material de descarte de cinco ninhos (três de área preservada e dois de área perturbada) foram processadas assepticamente e semeadas nos meios YMA e MYP. Após incubação durante cinco dias/20oC as colônias foram retiradas, purificadas e agrupadas por características fenotípicas e moleculares. Representantes dos vários grupos foram identificados pelo sequenciamento da região D1/D2 da subunidade maior (26S) do rDNA. A diversidade de leveduras foi analisada através do Índice de Shannon, utilizando o programa EstimateS v. 8.2. Foram obtidos 133 isolados, dos quais 76 de área preservada (19 espécies) e 57 (10 espécies) de área perturbada. O material de descarte apresentou maior diversidade de espécies nas duas áreas estudadas. Foram isoladas 24 espécies, pertencentes a quatro gêneros de ascomicetos (Aureobasidium, Candida, Hanseniaspora e Meyerozyma) e nove gêneros de basidiomicetos (Bullera, Cryptococcus, Hannaella, Kwoniella, Pseudozyma, Sporidiobolus, Sporisorium, Rhodosporidium e Rhodotorula) confirmando estudos anteriores que relataram a prevalência de leveduras basidiomicéticas em ninhos de formigas cortadeiras. As espécies mais frequentes foram: Aureobasidium pullulans (15%), Cryptococcus mangaliensis (9%), Hannaella luteola (9%), Hanseniaspora aff. opuntiae (9,7%) e Kwoniella mangroviensis (12%). Em relação à diversidade, esta foi maior na área preservada (em comparação com à área perturbada (H=2,6 x H=1,95), respectivamente. Este resultado confirma outros estudos semelhantes, mostrando que a diversidade de leveduras é maior em ambientes preservados, provavelmente como resultado de uma maior diversidade de fontes de alimentos.