Resumo

Bactérias endofíticas vivem no interior dos tecidos vegetais durante todo ou parte de seu ciclo de vida, sem causar dano aparente à planta hospedeira. O interesse pelas pesquisas com esses micro-organismos vem crescendo, principalmente em função do grande potencial biotecnológico que apresentam, incluindo a produção de metabólitos secundários biologicamente ativos ainda pouco explorados. Muitos desses compostos têm sido isolados a partir de bactérias endofíticas pertencentes ao gênero Bacillus. Dentre elas, Bacillus subtilis tem sido descrita como produtora potencial de antimicrobianos com importante papel no controle de doenças causadas por fitopatógenos, incluindo fungos do gênero Colletotrichum, causadores da antracnose em diversas culturas. O guaranazeiro, cultura de grande importância sócio-econômica para a região Amazônica, tem passado por consideráveis perdas na produtividade como consequência da antracnose. Na busca por medidas alternativas e mais sustentáveis aos atuais métodos de controle de doenças empregados na agricultura, o presente trabalho tem como objetivo o estudo químico e biológico de metabólitos secundários bioativos produzidos por B. subtilis isolada como endófito de guaranazeiros do Amazonas. Esta espécie foi selecionada após uma triagem realizada por meio de pareamento “in vitro” contra duas linhagens patogênicas de Colletotrichum causadoras da antracnose em guaranazeiros. Para a obtenção dos metabólitos secundários foram realizados cultivos da bactéria em meio líquido e partições com metanol. A fração metanol gerada foi testada “in vitro” quanto à atividade antifúngica, e posteriormente submetida a uma separação cromatográfica de fase reversa em uma coluna Sep-Pak C18. Como resultados preliminares, foi verificado que os metabólitos secundários produzidos por B. subtilis apresentam inibição sobre o crescimento micelial de Colletotrichum spp. Além disso, a separação cromatográfica da fração metanol ativa em Sep-Pak C18 resultou em 9 novas frações. Tanto estas quanto a fração metanol ativa foram submetidas a análises por cromatografia em camada delgada (CCD) e espectrometria de massas. As próximas etapas serão testar as novas frações em bioensaios, além de realizar a purificação e a elucidação estrutural do composto ativo através de técnicas espectroscópicas.