Resumo

A vinhaça, principal subproduto da fabricação do álcool, é caracterizada por uma grande quantidade de matéria orgânica, de coloração escura, natureza ácida e alta concentração de nutrientes. Espécies do gênero Pleurotus sp. são conhecidas pela produção de enzimas lignolíticas como manganês-peroxidase, peroxidases e lacases capazes de romper grande quantidade de ligações químicas. Também são reportados como alimentos por possuírem como seus maiores constituintes carboidratos, proteínas, minerais e baixos teores de gorduras. Este estudo teve por objetivo avaliar a atividade enzimática de fungos basidiomicetos cultivados em meio de vinhaça líquido e sólido, bem como avaliar as propriedades nutricionais dos micélios como fonte de alimento para peixes da espécie Danio rerio. Os fungos Pleurotus sajor-caju CCB 020, Pleurotus albidus CCB 068, Pleurotus flabellatus CCB 396 e Pleurotus ostreatus (shimeji), foram cultivados para análise de atividade enzimática e para crescimento micelial durante 15 dias. A atividade enzimática foi determinada de acordo com protocolo de Szklars et al. (1989) e Kuwahara et al. (1984) a cada 3 dias. Os fungos foram liofilizados e oferecidos à peixes da espécie D. rerio nas quantidades de 50% fungo + 50% ração e 100% fungo comparando com um grupo controle alimentado com 100% ração por um período de 28 dias. As quatro espécies de Pleurotus apresentaram crescimento satisfatório em meio contendo 100% de vinhaça após 15 dias, sendo obtidos maiores valores de biomassa com P. albidus (16,27g). Em relação à atividade enzimática, os maiores valores para lacase e peroxidase foram de 1.247, 43 UI g^-1MS (12º dia) e 676,02 UI g^-1MS (6º dia) respectivamente, obtidos em meio sólido de vinhaça pelo fungo P. sajor-caju. O mesmo fungo obteve maior valor de Manganês-peroxidase no 15º dia de cultivo (318,94 UI L^-1) em meio líquido de vinhaça. As análises bromatológicas dos micélios revelaram valores similares à ração comercial. A sobrevivência dos peixes foi de 100% e não foi observado perda significativa de biomassa, indicando que os fungos testados cultivados em vinhaça não apresentam toxicidade. Foi concluído que o uso de fungos cultivados em vinhaça, além de reduzir compostos tóxicos deste subproduto, é eficiente na produção de enzimas de interesse industrial e seus micélios podem ser inclusos na dieta de animais como suplementos nutricionais.