Resumo

A intoxicação alimentar causada por Staphylococcus spp. é uma das doenças mais frequentes no mundo. O objetivo deste trabalho foi detectar genes codificadores de enterotoxinas em cepas de Staphylococcus spp. isoladas de equipamentos utilizados no preparo de dietas destinadas à pacientes internados em um hospital universitário. Foram isoladas e identificadas por metodologia convencional 40 cepas, 20 de liquidificador e 20 de batedeira. Oito cepas foram coagulase-positivas e identificadas como S. aureus. As cepas coagulase-negativas (SCN) foram identificadas como: S. caprae (7), S. simulans (5), S. epidermidis (4), S. pausteri (3), S. haemolyticus (2), S. hominis subsp. hominis (2), S. kloosii (2), S. auricularis (2), S saprophyticus subsp. saprophyticus (2), S. cohnii subsp. cohnii (1), S. succinus (1) e S. warneri (1). A pesquisa dos genes codificadores de enterotoxinas foi realizada pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) e sequenciamento para os genes sea, seb, séc, sed, see, seg, seh, sei, sej, sen, seo, sep, seq, ser e seu. Foi detectada a presença de pelo menos um gene codificador de enterotoxina em 83% das cepas. Todas as cepas de S. aureus apresentaram pelo menos um gene para a produção de enterotoxina. O gene seg foi detectado em 11 cepas, a saber: S. aureus (2) e SCN (9). O gene sei foi encontrado em 17 cepas, com a seguinte distribuição: S. aureus (3) e SCN (14). O gene sen foi detectado em 31 cepas, em S. aureus (8) e SCN (23). Duas cepas de S. aureus e quatro de SCN apresentaram os três genes de enterotoxinas identificados. Os nossos resultados confirmaram o perfil enterotoxigênico de cepas de S aureus. Em adição, os nossos achados também demonstraram que as cepas de SCN albergam genes que codificam enterotoxinas. Considerando que os alimentos após o processamento com estes equipamentos não sofrem tratamento térmico e, ainda, que o tempo transcorrido entre o preparo e a distribuição do alimento aos pacientes pode ser muito longo, a proliferação dessas cepas e consequente produção de enterotoxinas no alimento pode ocorrer. Assim, os nossos resultados implicam as dietas como um veículo de disseminação de cepas enterotoxigênicas de Staphylococcus spp. e/ou enterotoxinas aos pacientes internados neste hospital.