Resumo

Introdução: Staphylococcus aureus é reconhecido como um dos principais agentes causadores de infecções nosocomiais e comunitárias. Estas infecções são um grave problema de saúde pública e o seu tratamento limitado a poucos quimioterápicos. Diante deste fato a busca por novas substâncias antimicrobianas a partir de fontes naturais têm sido objeto de vários estudos. Psidium guineense (araçá) é uma espécie pertencente à família Myrtaceae, com distribuição em todo território brasileiro. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a interação in vitro entre o extrato metanólico das folhas de P. guineense com os seguintes agentes antimicrobianos: amoxicilina/acido clavulânico, amicacina, ampicilina, azitromicina, cefoxitina, ciprofloxacino, gentamicina, imipenem, vancomicina e teiclopanina; frente a 9 cepas de S. aureus. Materiais e Métodos: O perfil de sensibilidade de S. aureus foi determinado pelo método de difusão preconizado pelo Clinical and Laboratory Standard Institute, com modificações. As placas foram preparadas com e sem o extrato na concentração equivalente a metade da concentração inibitória mínima, cujo valor fora previamente determinado e incorporado ao ágar Mueller Hinton. Os discos contendo os agentes antimicrobianos foram depositados na superfície deste meio e as placas incubadas por 18 horas a 37ºC. Os halos de inibição do crescimento microbiano foram medidos em milímetros. Resultados/Discussão: A associação do extrato metanólico de P. guineense Sw. apresentou sinergismo quando em associação com os dez agentes antimicrobianos sobre a maior parte das cepas avaliadas. Este extrato associado à ampicilina mostrou o maior efeito sinérgico frente a cepas de S. aureus IQ 13, IQ 15, IC 16, IC 27, IC 138, IC 311. Entretanto, quando este extrato foi associado à azitromicina, o efeito sinérgico foi verificado apenas sobre a cepa de S. aureus ATCC6538. De todas as cepas, 66,6% delas mostraram-se resistentes à azitromicina e sua associação com o extrato não modificou o perfil de susceptibilidade. O efeito sinérgico observado provavelmente se deve à interação dos antimicrobianos com os taninos e flavonóides existentes neste extrato. Conclusão: A associação do extrato metanólico de P. guineense com agentes antimicrobianos mostrou ser em sua maioria sinérgica. Contudo, há necessidade de estudos mais aprofundados para elucidar as bases moleculares dessas interações.