Resumo

Introdução: O surgimento de micro-organismos multirresistentes tem estimulado cada vez mais a pesquisa por terapias alternativas. Nesse contexto, é proposto o estudo a cerca da espécie Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne, família Leguminosae-Caesalpinioideae. Conhecido como “jatobá-do-cerrado”, é muito utilizado na medicina popular como antibiótico e anti-inflamatório. Diante deste relato, este trabalho objetivou avaliar a inibição dos fatores de virulência de Staphylococcus aureus, importantes na viabilidade deste patógeno no processo de colonização/infecção, utilizando concentrações sub-inibitórias do extrato de Hymenaea stigonocarpa. Materiais e Métodos: Foram selecionados 10 isolados clínicos de S. aureus com fenótipo de resistência a diversos antibióticos. Para determinar a concentração inibitória mínima do extrato hidro alcoólico e acetato de etila de H. stigonocarpa foi utilizado o método de microdiluição em placas preconizado pelo CLSI. Para avaliação da inibição dos fatores de virulência, culturas padronizadas em 10⁶ UFC/mL foram expostas ao extrato hidro alcoólico em concentrações sub-inibitórias por 24h a 37ºC. Uma alíquota desta cultura foi posta em avaliação da inibição da atividade da catalase, da coagulase, da lipase, da hemolisina e da formação do biofilme. Resultados/Discussão: Uma redução na intensidade da atividade da catalase foi observada em todas as cepas testadas. Não houve a inibição da coagulase estafilococica. A lipase foi reduzida em 80% dos S. aureus avaliados. Uma redução na secreção da α-hemolisina foi observada em 50% das cepas. A formação de biofilme foi reduzida em 80% das cepas ensaiadas. A capacidade apresentada pelo extrato hidro alcoólico de Hymenaea stigonocarpa em reduzir a atividade de alguns fatores de virulência se deve, provavelmente, pelos taninos e flavonoides presentes neste extrato. Formações de complexos com proteínas e inibição de enzimas são alguns dos mecanismos de ação destes metabólitos secundários. Conclusão: Concentrações sub-inibitórias do extrato hidro alcoólico de Hymenaea stigonocarpa mostrou ser capaz de reduzir a atividade da catalase, da lipase, da hemolisina e a formação do biofilme; importantes na patogênese da infecção por S. aureus. Estudos a cerca da identificação de componentes químicos, bem como estudos aprofundados de farmacologia são necessários antes da sua inclusão em produtos farmacêuticos.