Resumo

O aumento na prevalência das infecções nosocomiais causadas por Staphylococcus aureus multirresistentes é um grave problema de saúde pública pois a terapia é limitada e muitas vezes ineficaz. Diante deste fato, a obtenção de novas moléculas mais ativas e menos tóxicas a partir de plantas superiores surgem como uma fonte de novos fármacos e consequentemente de inovação terapêutica. As naftoquinonas são um exemplo destes fitofármacos e o lapachol um de seus representantes. A partir do lapachol podem-se obter por síntese orgânica, dois isômeros estruturais, a α e β lapachona, ambos com atividade antimicrobiana reconhecida cientificamente. Com base neste relato, o presente trabalho teve por objetivo determinar a atividade antimicrobiana do lapachol, α-lapachona, β-lapachona e de seis antimicrobianos e avaliar a interação da β-lapachona com estes antimicrobianos, com a exceção da gentamicina. Para isso foram utilizadas 11 cepas de S. aureus oriundas de amostras clínicas e 1 de origem do American Type Culture Collection(ATCC). Numa primeira etapa, a Concentração Inibitória Mínima (CIM) dos agentes antimicrobianos foi determinada utilizando o método de microdiluição em placa como preconizado pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). A segunda etapa consistiu na avaliação das interações entre β-lapachona-antimicrobianos e foi realizada pelo método do tabuleiro de xadrez, checkerboard. Os critérios utilizados para a classificação das associações foram definidos a partir dos valores do Índice de Concentração Inibitória Fracionada (FICI). Dentre as naftoquinonas avaliadas, a β-lapachona foi a mais ativa. Cinco cepas de S. aureus (LFBM 01; LFBM 26; LFBM 28; LFBM 33; LFBM 34) apresentaram resistência a todos os agentes antimicrobianos avaliados e foram selecionadas para a segunda etapa do trabalho. Os valores do FICI para as associações variaram de 0,09 a 0,5 caracterizando um efeito sinérgico. Um efeito aditivo foi observado com a associação β-lapachona- ciprofloxacino frente a S. aureus LFBM 34. A associação β-lapachona-cefoxitina, apresentou um efeito indiferente sobre S. aureus, LFBM 33 e 34. Com este estudo foi possível demonstrar que a β-lapachona associada aos beta lactâmicos, fluoroquinolonas e carbapenêmicos, podem agir sinergicamente mas esta interação é dependente da cepa de MRSA avaliada.