Resumo

O isolamento e cultivo de microrganismos selvagens apresentam dificuldade na adequação ao meio de cultura comercial com características diferentes do ambiente de origem. Na tentativa de melhorar as condições e custos de isolamento de microrganismos da superficie da uva, este trabalho teve como objetivo desenvolver um meio de cultivo constituído de bagaço de uva. Para este foram usados como ingredientes uva do tipo Isabel e bagaço resultante da extração para produção de vinho e suco de uva, ambos provenientes de Bento Gonçalves - RS. Também foi avaliada a influência de um extrato alcoólico do bagaço de uva, e suco de uva comercial. Além destes, outros componentes foram adicionados para 200 mL de meio, agar bacteriológico (1,5% ), água destilada (100 mL), glicose (5%), sulfato de magnésio (0,02% ) e sulfato de manganês (0,004%). Foram avaliados 3 valores de pH: 5,5 ; 6,0 e 6,5. Na tentativa de diminuir a possível perda de nutrientes foram usados 3 tempos para tratamento térmico: 5, 10 e 15 minutos. Foi utilizado o programa Statistica7.0 para desenvolver um planejamento experimental do tipo fatorial fracionado 2²para as condições de pH e autoclavação, assim como um planejamento de misturas para determinar as quantidades dos componentes, ambos com 3 pontos centrais. Resultando num total de 105 meios com misturas e condições de pH e autoclavação diferentes. O controle usado como padrão de crescimento foi Agar MRS (Agar De Man, Rogosa, Sharpe). Foram testadas 4 culturas nos meios elaborados, duas culturas selvagens de bacilos Gram positivos,catalase negativos isoladas presuntivamente como bactérias láticas da superfície de uvas e duas culturas de referência:Lactococcus lactis ATCC 11454 e Lactobacillus casei ATCC 393. As culturas foram inoculadas 10²UFC/mL na superfície dos meios. Na elaboração do meio foi observado que 66,6% das misturas não possibilitavam a solidificação feita pelo Agar ou o crescimento das culturas. A maior proporção de concentrado ou suco de uva permitia maior homogeneização do meio. As culturas padrão se desenvolveram melhor no agar uva em relação às selvagens, quando comparadas com o MRS. L. casei apresentou uma contagem de 5 x 10² UFC em MRS contra 8 x 10⁴ UFC/mL no agar UVA. Estudos adicionais com uma maior coleção de microrganismos estão em andamento para compreender melhor as vantagens de utilização do meio em relação ao MRS.