XXI ALAM
Resumo:393-3


Poster (Painel)
393-3Microsporum gypseum e Fusarium spp isolados a partir de lesão em casco de jabuti-piranga, Geochelone (Chelonoidis) carbonaria
Autores:Daniel Paiva Barros de Abreu (UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) ; Mário Tatsuo Makita (UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) ; Pedro Trivisol de Castro (UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) ; Sergio Gaspar de Campos (UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) ; Francisco de Assis Baroni (UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)

Resumo

Geochelone carbonaria, ou Jabuti-Piranga, está amplamente distribuído na América do Sul e pode apresentar em sua micobiota colônica, fungos ambientalmente presentes. Quelônios são os mais suscetíveis, dentre os répteis, às infecções fúngicas, devido ao manejo inapropriado e estresse. Mucor spp, Fusarium solanii, Aspergillus fumigatus e Candida lipolytica associada a Fusarium spp já foram descritos ocasionando dermatopatias que embora devam-se a fungos oportunistas podem ocorrer por fungos queratinolíticos como Trichophyton spp e Microsporum spp, raramente reportados em répteis. Um jabuti adulto, fêmea, da espécie G. carbonaria, foi atendido apresentando lesões extensas localizadas no plastrão, desprendimento de placas córneas e profunda lesão perfurante na região femural direita. Coletou-se amostra por fragmentação do material queratínico das bordas da lesão, acondicionando em papel absorvente. Encaminhado ao Laboratório de Micologia Veterinária da UFRRJ, após trituração, parte do material foi submetido a microscopia direta com NaOH (20%) para pesquisa de estruturas fúngicas, e uma parte utilizada para isolamento em Ágar Sabouraud Dextrose 4% e em meio Mycosel®. Foi iniciado tratamento local com iodopovidona, procedendo-se a nova coleta e procedimento após 15 dias. Foram isoladas colônias com características macroscópicas e microscópicas de Microsporum gypseum e Fusarium spp, que já foram descritos como causadores de patologias em quelônios. O primeiro, queratinolítico, encontra no casco condições ideais de crescimento e o segundo pode ter relação com a lesão mucocutânea ocorrente após a lise da queratina, conforme literatura. O animal em questão vive em local gramado e com diferentes vegetações, próximo de condições naturais e com íntimo contato com o solo, onde estão presentes os fungos isolados. Fatores de estresse, como por exemplo, o confinamento, podem levar a imunossupressão, facilitando a instalação da infecção. O material coletado para revisão resultou negativo para M. gypseum, o que pode ser explicado pelo uso de povidona, resultando em aparente cura clínica da lesão, mas foi positivo para Fusarium spp, talvez pela ampla presença no solo ou possível tolerância à povidona. O método de coleta e processamento mostraram-se eficientes no diagnóstico das lesões envolvendo este caso. Verificou-se que Microsporum gypseum apresenta atividade queratinolítica sobre placas córneas de jabutis. O reisolamento de Fusarium spp confirma a participação deste gênero em lesões mucocutâneas. O uso de iodopovidona apresenta-se como uma alternativa ao tratamento de lesões fúngicas em quelônios.


Palavras-chave:  Casco, Dermatopatia, Fusarium spp, Geochelone carbonaria , Microsporum gypseum