Resumo

A pectina é um heteropolissacarídeo, componente abundante da parede celular de todas as plantas terrestres. A maior parte das pectinas consiste de 65% de ácido galacturônico. As pectinases são enzimas com considerável potencial biotecnológico, particularmente em filtração e clarificação de sucos de frutos, fabricação de vinho e indústria têxtil. São amplamente produzidas por vários fungos filamentosos. A pectina liase (E.C. 4.2.2.10) cliva a extremidade não redutora da molécula de pectina por um processo de transeliminação. O objetivo deste trabalho foi selecionar fungos bons produtores de pectina liase (PL) a partir de espécies já identificadas pertencentes à micoteca do Laboratório de Microbiologia e Biologia Celular do Departamento de Biologia da FFCLRP-USP e posterior melhoramento do meio de cultivo visando maior produção enzimática. Para seleção dos fungos foi utilizado fermentação submersa em meio Czapeck, suplementado com pectina cítrica, à 30º C, sob agitação de 100 rpm, por 72 h. A determinação da atividade da PL se deu através da reação dos produtos finais da degradação da pectina com ácido tiobarbitúrico, segundo método descrito por Pitt (1988) adaptado segundo Nedjman (2001). O fungo Neosartorya glabra apresentou grande potencial para produção da enzima (10.3 U ± 2), sendo este selecionado para a continuidade dos estudos. Após a seleção, o fungo foi cultivado em diferentes meios de cultura, sendo o meio Vogel o que apresentou maior produção de PL. Neste meio, foi feita uma correlação entre produção enzimática e tempo de crescimento (24-120 horas). Os cultivos ficaram sob agitação (100 rpm) e em condições estáticas, a 30ºC. Os meios foram suplementados com diferentes fontes de carbono a 1%, polipectato de sódio, galactose, rafinose, arabinose, sacarose, pectina Genu 8001, pectina Genu 8003, pectina Sigma, pectina cítrica, casca de goiaba, casca de laranja, casca de limão, casca de maçã, casca de maracujá ou casca de uva como fontes de carbono. Obteve-se maior produção enzimática com os cultivos de 96 horas, sem agitação e em meio de cultivo suplementado com pectina cítrica (14.8 U ± 0.97). Com os resultados parciais apresentados, pode-se concluir que o micro-organismo selecionado mostrou grandes perspectivas para aplicação biotecnológica da PL. Agradecimentos: SisBiota, CNPq, FAEPA, CAPES, FAPESP.