Resumo

Dentre as hemiceluloses, a maior classe é a da xilana, que depois da celulose é o polissacarídeo mais abundante na madeira e nos resíduos agrícolas. Os micro-organismos produzem várias enzimas degradadoras deste polímero. Em especial, os fungos filamentosos são mais utilizados sob o ponto de vista industrial, já que suas enzimas são secretadas diretamente no meio em que se encontram. O objetivo deste trabalho foi selecionar uma linhagem de fungo filamentoso produtora de xilanases e determinar alguns parâmetros ótimos para a sua produção. Diferentes linhagens (duas de Penicillium glabrum, uma de Penicillium miczynskii, uma de Penicillium herquei e uma de Trichoderma viride), isoladas da Estação Ecológica de Juréia-Itatins, na cidade de Peruíbe-SP foram avaliadas. Os cultivos foram realizados a 28 °C, por cinco dias, sob condição estacionária, em frascos de Erlenmeyers contendo 25 mL de meio líquido de Vogel, pH 6,5, suplementados com 1,0 % (m/v) de fonte de carbono. Após o devido tempo, as culturas foram filtradas à vácuo em funil de Büchner. A atividade xilanásica foi determinada por meio da incubação da enzima com xilano de vidoeiro em meio tamponado. Em intervalos de tempos pré-estabelecidos, a reação foi interrompida pela adição do agente ácido 3,5-dinitrosalicílico (ADNS). Posteriormente, a determinação de açúcares redutores foi conduzida, utilizando-se xilose como padrão. Diferentes resíduos agroindustriais foram avaliados quanto ao seu potencial de indução de xilanases, tais como casca de arroz, laranja, maçã, abacaxi, soja, farelo de trigo e de maracujá e malte. Além disso, diferentes concentrações do melhor resíduo indutor estabelecido previamente foram analisadas. T. viride foi o melhor produtor de xilanases, correspondendo a 3,7399 U/mL e 30,43 U/mg proteína. A casca de abacaxi induziu os melhores resultados, sendo atingida a produção de 81, 23 U/mL e 145,05 U/mg proteína. O fungo produziu maior quantidade de xilanases quando crescido em presença de meio suplementado com 2% de casca de abacaxi, correspondendo a 340,048 U/mL e 2.556,75 U/mg proteína. Estudos estão sendo conduzidos, no intuito de determinar outros parâmetros ótimos de produção destas enzimas por T. viride. Adicionalmente, esta enzima será caracterizada bioquimicamente, a fim de se inferir possíveis aplicações industriais.