Resumo

Introdução: As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) constituem um grave problema de saúde pública, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, onde os recursos humanos e financeiros são muito limitados. A vigilância epidemiológica destas infecções é necessária para um melhor controle e exige profissionais treinados, e uma sistemática de trabalho acessível e aplicável. Objetivos: Fazer o levantamento das IRAS, assim como dos patógenos envolvidos e suas respectivas resistências aos antimicrobianos. Materiais e métodos: Os neonatos foram oriundos da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC - UFU), no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2011. Tal setor é constituído por 15 leitos, sendo estes de nível II e III. Foi realizada uma vigilância epidemiológica NHSN (National Healthcare Safety Network), com uma ficha individual preenchida diariamente, constando os procedimentos invasivos, IRAS, patógenos relacionados e o perfil de resistência aos antimicrobianos. Os dados microbiológicos foram obtidos junto ao laboratório de microbiologia do HC-UFU. Resultados: Dos 569 neonatos internados na unidade, 130 (22,84%) apresentaram infecção com diagnóstico microbiológico, sendo 175 episódios de quadro infeccioso. A sepse foi a síndrome infecciosa mais frequente (110 episódios, 62,85%), acometendo 92 neonatos, o equivalente a 16,16% dos internados nesse período. Na sequência, destacou-se a conjuntivite (39 episódios, 22,28 %). Os patógenos Gram positivos foram os mais frequentes, sendo o Staphylococcus epidermidis (55 episódios, 50%) e Staphylococcus aureus (9 episódios, 8,18%) os de maior ocorrência. O primeiro, apresentou alta resistência à oxacilina (97,33%). A ocorrência de Gram negativos foi de 26 episódios (14,85%) e de fungos 11 episódios (6,28%). Conclusão: Apesar da alta taxa (22,84%) de incidência de infecções relacionadas à assistência à saúde na unidade, houve uma baixa incidência de óbitos atribuídos à sepse (2,98%), confirmando a baixa virulência do principal patógeno de ocorrência na unidade (Staphylococcus epidermidis). Agradecimento ao apoio financeiro concedido pela FAPEMIG.