Resumo

Introdução: A infecção de corrente sanguínea é um dos quadros infecciosos mais frequentes em neonatos críticos, permanecendo como uma importante causa de morbimortalidade, apesar do extraordinário desenvolvimento da neonatologia nos últimos anos. Objetivos: Avaliar a incidência da infecção de corrente sanguínea na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, tanto de origem hospitalar como materna, os principais agentes infecciosos e o perfil de resistência relacionado, assim como os fatores de risco associados. Materiais e métodos: O estudo foi realizado no HC-UFU, especificamente na UTIN, que contém 15 leitos, sendo dos níveis II e III. O período do estudo compreendeu de janeiro de 2010 a dezembro de 2011. Foi realizada uma vigilância epidemiológica NHSN (National Healthcare Safety Network) com uma ficha individual preenchida diariamente, constando os procedimentos invasivos, principais infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), patógenos relacionados e perfil de resistência aos antibióticos. Foram avaliados parâmetros clínicos como: peso, idade gestacional, tempo de internação, entubação, uso de nutrição parenteral, cateter venoso central e tempo de rompimento da bolsa rota. As definições conceituais de infecção de corrente sanguínea neonatal hospitalar e materna estão de acordo com o CDC 2010. Resultados: No período do estudo, 569 neonatos foram internados na unidade. Destes, 130 (22,84%) tiveram quadro de infecção, totalizando 175 episódios. A infecção de corrente sanguínea foi considerada a principal síndrome infecciosa (92 neonatos – 70,76% -, com ocorrência de 110 episódios – 62,85%) relacionada ao agravo do quadro clínico. No total, 385 neonatos utilizaram cateter venoso central, e destes, 80 (20,77%) tiveram infecção de corrente sanguínea associada a este dispositivo. Dessa forma, temos que 21 infecções foram de origem materna (22,83%), e 71, hospitalar (77,17%). O principal agente infeccioso foi o Staphylococcus epidermidis, que apresentou alta taxa (100%) de resistência à oxacilina. Conclusão: No período do estudo, houve uma alta incidência de infecção de corrente sanguínea (70,76% entre os neonatos infectados), na maioria de origem hospitalar (77,17%), com 86,95% associadas ao cateter venoso central. Entretanto, a taxa de mortalidade atribuída foi baixa (18,47%). Agradecimento ao apoio financeiro concedido pela FAPEMIG.