Resumo

Infecção do trato urinário (ITU) é a colonização microbiana com invasão tecidual de qualquer parte do trato urinário. A maioria das ITUs é causada por bactérias gram negativas, especialmente Escherichia coli, correspondendo a 70 a 90% dos isolados urinários. Entretanto, o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos deste uropatógeno pode sofrer importantes variações, o que repercute na terapêutica antimicrobiana. O conhecimento do perfil de sensibilidade aos antimicrobianos dos principais uropatógenos é importante, uma vez que os dados obtidos podem orientar o tratamento. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a prevalência de E. coli em amostras de urina encaminhadas para urocultura em um laboratório no município de Jataí-GO, bem como avaliar o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos das cepas no período de janeiro de 2011 a junho de 2012. O estudo foi realizado por meio de coleta de dados no livro de registros de cultura microbiológica e antibiogramas do referido laboratório de análises clínicas. No período de estudo foram realizadas 699 uroculturas, das quais em 248 foram isoladas E. coli(35,5%). Os pacientes pertenciam predominantemente ao sexo feminino (85%). Se considerarmos o isolamento de E. coli nas uroculturas consideradas positivas, a prevalência deste microrganismo é de 76,4%, seguido por outros uropatógenos gram-negativos e Staphylococcus saprophyticus. Os antimicrobianos Amicacina, Cloranfenicol, Gentamicina, Imipenem e a combinação Piperacilina + Tazobactam foram os antimicrobianos com maior poder inibitório, sendo efetivos em mais de 80% das cepas. Por outro lado, Ácido nalidíxico, Ácido pipemidico e Sulfazotrim apresentaram menor poder inibitório, inibindo em média, 40% das cepas avaliadas no estudo. O uso empírico de antibióticos para o tratamento de infecções urinárias é uma prática comum. No entanto, essa prática, pode contribuir para a emergência de cepas resistentes. Nesse aspecto, o teste do antibiograma é de fundamental importância para que seja estabelecida uma terapêutica mais direcionada ao patógeno em questão. De acordo com os resultados aqui obtidos, levando em consideração os antibiogramas analisados, observa-se que a combinação Piperacilina + Tazobactam é o medicamento mais eficaz no tratamento de ITU por E. coli no município estudado. Apesar de não ser o procedimento adequado, os dados obtidos podem ser úteis na adoção de uma terapêutica empírica mais efetiva. Ressaltando que seria mais indicado que o tratamento fosse realizado somente após a identificação bacteriana e com base no resultado do antibiograma. Também é importante que estudos como este sejam desenvolvidos periodicamente, a fim de monitorar o perfil de resistência dos principais agentes de ITU e, assim, fornecer subsídios para o tratamento.