Resumo

A formação de biofilmes produzidos por bactérias pode trazer grandes prejuízos econômicos às indústrias alimentícias, pois podem causar entupimentos de tubulações, corrosão de equipamentos, além da perda de prestígio por parte do produtor e problemas de saúde pública. Biofilmes se aderem fortemente às superfícies e, posteriormente, partes deles podem se desprender e contaminar outras superfícies ou produtos alimentícios, podendo persistir e sobreviver mesmo após processos de sanitização. Salmonella pode produzir biofilme e entre os genes envolvidos nesse processo estão o csgD e adrA. O gene csgD é responsável pela ativação de uma série de outros genes envolvidos na produção de biofilme, inclusive do gene adrA. Durante a formação do biofilme esses genes realizam a biossíntese de fímbria curli e síntese de celulose, respectivamente. Assim, foram analisadas carcaças de frango, comercializadas em diferentes supermercados e açougues em Botucatu, até o isolamento e identificação de 30 cepas de Salmonella. Essa identificação foi realizada pelo uso de pré enriquecimento em água peptonada, enriquecimento em caldo Tetrationato e Rapapport, por meios seletivos (XLD e SS) e posteriormente pelo sistema API-20E (Biomérieux) e sorologia. O DNA das 30 cepas foi submetido a PCR (csgDf TGCGGACTCGGTGCTGTTGT, csgDr CAGGAACACGTGGTCAGCGG; adrAf GGGCGGCGAAAGCCCTTGAT, adrAr GCCCATCAGCGCGATCCACA). Das 30 cepas de Salmonella, 28 (93,3%) apresentaram o gene csgD, 28 (93,3%) apresentaram o gene adrA e apenas 1 cepa (3,3%) não apresentou nenhum dos genes. Dessa forma conclui-se que 93,3% são potenciais produtoras de biofilme, uma vez que somente a presença dos genes não garante a produção in vivo, dependendo ainda das condições ambientais. Além disso, pode haver outros genes envolvidos nessa produção. De qualquer maneira, esse potencial é extremamente preocupante, uma vez que o biofilme pode perpetuar a Salmonella no ambiente de produção.