XXI ALAM
Resumo:246-1


Poster (Painel)
246-1Viabilidade de cultivo de Dekkera bruxellensis em hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar
Autores:Carolina Brito Codato (UFSCAR - Programa de Pós Graduação Agricultura e Ambiente) ; Cristina Martini (UNESP - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho) ; Sandra Regina Ceccato Antonini (UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos) ; Reinaldo Gaspar Bastos (UFSCAR - Programa de Pós Graduação Agricultura e Ambiente)

Resumo

O etanol é um biocombustível de baixo custo, o qual convencionalmente é obtido no Brasil a partir de caldo de cana-de-açúcar, melaço ou da mistura destes. Entretanto, alternativamente, o etanol poderia ser obtido a partir de materiais lignocelulósicos, resíduos ou subprodutos agroindustriais compostos por celulose, hemicelulose e lignina, tais como o bagaço de cana-de-açúcar. Para cada tonelada de cana-de-açúcar processada são obtidos, em média, 250 kg de bagaço, o qual é geralmente utilizado para geração de energia na indústria. Os cultivos microbianos a partir destas matérias-primas dependem da disponibilização dos substratos. Nesse sentido, a hidrólise ácida tem sido referido como um dos processos mais utilizados para a despolimerização da fração hemicelulósica dos materiais lignocelulósicos, devido ao seu baixo custo e alta eficiência. No entanto, em condições de alta pressão e temperatura, glicose e xilose liberadas são degradadas a 5-hidroximetilfurfural (HMF) e furfural, respectivamente. Estes compostos são caracterizados por inibirem as leveduras utilizadas na etapa de fermentação, o que influencia o metabolismo microbiano e conversão das hexoses e pentoses obtidas em etanol. Neste contexto, o trabalho teve como objetivo avaliar o cultivo da levedura Dekkera bruxellensis CCA155 em hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar. O bagaço foi coletado em Usina de Açúcar e Álcool da região de Araras/SP, sendo acondicionado e classificado quanto ao tamanho de partícula, selecionado-se material entre 0,59 e 1,41mm. As partículas sofreram pré-tratamento com 1% de ácido sulfúrico diluído e solvente Organosolov (água, acetona e etanol 2:1:1), em autoclave 1 atm/120oC, por 60 minutos. O bagaço foi então filtrado a vácuo, tendo pH do hidrolisado ajustado para 6,5. Em seguida foi novamente autoclavado a 1 atm/120oC por 15 minutos. Os ensaios foram conduzidos com Dekkera bruxellensis CCA155 e Pichia stipitis como levedura padrão em meio de cultivo com 100% do hidrolisado, 50% (hidrolisado+H2O destilada autoclavada) e em meio YEPD. Amostras foram retiradas a cada 24 horas para quantificação da massa celular. Os resultados indicaram crescimento das duas leveduras nas diferentes condições de cultivo, sendo que foram obtidas velocidades específicas de crescimento máximas similares para meio com 50 e 100% de hidrolisado, ou seja, em torno de 0,009 h-1, com produtividade celular de aproximadamente 0,035 g.L-1.h-1. Apesar do crescimento inferior quando comparado às leveduras convencionalmente usadas para condução da fermentação etanólica, foram obtidos rendimentos de biomassa em etanol da mesma ordem de grandeza. Desta forma, os resultados obtidos sugerem viabilidade de cultivo da Dekkera bruxellensis CCA155 em hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar.


Palavras-chave:  bagaço de cana-de-açúcar, Dekkera bruxellensis, fermentação, materiais lignocelulósicos