Resumo

Diante do agravamento dos impactos ambientais e da provável crise no setor energético, os biocombustíveis tornaram-se a alternativa mais promissora para a substituição da gasolina derivada do petróleo, por serem obtidos de fontes renováveis. Visando o aproveitamento integral da cana-de-açúcar, novas pesquisas buscam obter o combustível a partir do bagaço, um subproduto resultante da extração do caldo da cana. O bagaço de cana é constituído por celulose, hemicelulose e lignina. Os açúcares hemicelulósicos podem ser recuperados por meio de hidrólise com ácido sulfúrico diluído, sendo o hidrolisado obtido rico em açúcares fermentescíveis, principalmente xilose. Estes açúcares podem ser utilizados para a produção de etanol com a levedura Pichia stipitis. Porém, durante a hidrólise ácida, vários compostos inibitórios do crescimento microbiano são formados, como o furfural e o hidroximetilfurfural. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o efeito da destoxificação do hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar na bioconversão dos açúcares em etanol. Os seguintes tratamentos foram avaliados: 1) resinas de troca iônica (A-860S e A-500PS), 2) resinas de troca iônica (A-860S, A-500PS e C-150), 3) alteração de pH com CaO e H3PO4 com adsorção em 2.5% carvão ativo; 4) alteração de pH com NaOH. Conclui-se que houve uma redução no tempo de fermentação (de 96 para 72 horas) ao se utilizar os meios contendo os hidrolisados dos bagaços de cana destoxificados com os tratamentos 1, 2 e 3. A fermentação do meio cujo hidrolisado foi tratado com alteração de pH com CaO e H3PO4 com adsorção em 2.5% carvão ativo (tratamento 3) apresentou os melhores resultados em termos de concentração de etanol (18,32 g/L), produtividade volumétrica (0,25 g/Lh) e rendimento na conversão de açúcares a etanol (0,30 g/g).