Resumo

As formigas cortadeiras abrigam em seus ninhos uma elevada diversidade de fungos filamentosos (microfungos), além do fungo mutualista Leucoagaricus gongylophorus. O presente trabalho avaliou o perfil de microfungos encontrados nos jardins de fungos de Acromyrmex situadas na Mata Atlântica do sul da Bahia. Foram coletados jardins de dois ninhos de Acromyrmex sp. (ninho 1 e 2) na cidade de Camacan e de um ninho de A. balzanii (ninho 3) na cidade de Ilhéus. Fragmentos de jardins foram inoculados em três meios de cultura (MA2%, PDA e SNA) e incubados durante 15 dias a 25º C, no escuro. O número de fragmentos que apresentaram crescimento de microfungos foi registrado e os isolados foram purificados através de subculturas em MA2%. Os isolados foram identificados utilizando características morfológicas da colônia. Os resultados indicaram que 80%, 35% e 25% dos fragmentos de jardins dos ninhos 1, 2 e 3, respectivamente, apresentaram crescimento de microfungos. Um total de 94 isolados foi obtido dos ninhos 1 (n=55 isolados), 2 (n=14 isolados) e 3 (n=25 isolados), sendo que os microfungos prevalentes foram: Escovopsis (27%), Trichoderma (13%), Fusarium solani (10%), Purpureocillium lilacinum (3%) e Curvularia (2%). Fungos encontrados em baixa ocorrência (menor que 1%) foram: Cladophialophora, Eupenicillium, Fusarium oxysporum, Gliocladium, Gongronella butleri, Mucor, Penicillium, Periconia e Pestaloptiopsis. Treze isolados não foram identificados por critérios morfológicos, devido a ausência de esporulação. No geral, os resultados indicam que os jardins de fungos de cada ninho abrigam diferentes taxas de ocorrência de microfungos. Corroborando estudos realizados em diferentes regiões do país, Escovopsis e Trichoderma foram os gêneros prevalentes, os quais ocorreram nos três ninhos amostrados. Escovopsis é considerado parasita especializado do fungo mutualista, já Trichoderma é considerado um parasita generalista de L. gongylophorus. Com relação aos demais microfungos, pouco se conhece sobre o papel que desempenham na interação formiga-fungo mutualista. Estudos adicionais irão avaliar o potencial antagonista desses isolados frente ao fungo mutualista. Ainda, as identificações dos isolados serão refinadas com o sequenciamento da região ITS do rDNA, de modo a suprir o repositório nacional de código de barras de DNA da rede BrBol.