Resumo

O crescimento desordenado dos rebanhos ovinos voltados à produção de carne, com a importação de animais de diversos países e de várias outras regiões do Brasil, proporcionou um intenso trânsito desta espécie no território nacional. Este trânsito pode favorecer a disseminação de doenças entre os rebanhos de ovinos de diferentes regiões. Desta forma, o objetivo deste estudo foi verificar a sanidade dos ovinos do município de Uberlândia (MG), pesquisando a prevalência de doenças relacionadas à reprodução, como leptospirose (Leptospira spp.), brucelose (Brucella abortus e Brucella ovis) e clamidofilose (Chlamydophila abortus). Para o cálculo da prevalência foi utilizado amostragem simples aleatória e para o cálculo do número de animais por propriedade utilizou-se amostragem estratificada proporcional. Foram colhidas aleatoriamente amostras de sangue de 334 ovinos de ambos os sexos, idades e raças variadas procedentes de 12 propriedades do município de Uberlândia, MG, durante o ano de 2009. Após a colheita, as amostras de sangue foram encaminhadas e processadas no Laboratório de Doenças Infecto-Contagiosas da FAMEV/UFU, em Uberlândia, e os testes sorológicos foram realizados no Instituto Biológico, em São Paulo. Foram realizados os testes de Soroaglutinação Microscópica (leptospirose), Antígeno Acidificado Tamponado (brucelose - Brucella abortus) e Fixação de Complemento (brucelose ovina – Brucella ovis e clamidofilose). Não houve ovinos reagentes para brucelose (Brucella abortus e Brucella ovis). Das 334 amostras de sangue de ovinos analisadas no município de Uberlândia, 22,2% apresentaram anticorpos anti-Leptospira spp., com prevalência para os sorovares Hardjo (23,6%), Autumnalis (22,4%) e Gryppotyphosa (14,9%). Os títulos de anticorpos variaram de 1/100 a 1/3.200, sendo o maior título encontrado para o sorovar Gryppotyphosa. A prevalência da clamidofilose foi de 3,3%, apresentando títulos variando de 1/32 a 1/64. No Brasil, tanto a prevalência e a infecção da clamidofilose em animais são pouco conhecidas, embora haja relatos isolados da presença do agente, em bubalinos, bezerros e sêmen de touros com vesiculite seminal. Ressalta-se a importância da atuação dos sistemas de vigilância sanitária, evitando a introdução de doenças ainda não existentes e a disseminação de doenças que já podem estar acometendo os rebanhos ovinos do município de Uberlândia, MG.