XXI ALAM
Resumo:75-1


Poster (Painel)
75-1Microbiota do Solo Antártico: Identificação, Efeito da Radiação Ultravioleta e Implicações Para a Astrobiologia
Autores:Amanda Bendia (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro / USP - Universidade de São Paulo) ; Lia Teixeira (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Alexandre Rosado (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Vivian Pellizari (USP - Universidade de São Paulo) ; Claudia Lage (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo

A possibilidade de existência de vida em outros planetas tem sido questionada durante séculos e tornou-se tema de grande interesse científico nas últimas décadas. A descoberta de vida microbiana em lugares extremos na Terra ampliou o escopo de ambientes em que sabemos que é possível a vida se adaptar, expandindo a habitabilidade de ambientes extraterrestres. A Antártica abriga os ambientes mais frios e inexplorados da Terra, fornecendo condições únicas para o estudo de micro-organismos adaptados aos principais parâmetros extremos encontrados neste continente, como baixas temperaturas e alta incidência de radiação UV. Deste modo, é de grande importância para a Astrobiologia estudar os micro-organismos encontrados neste ambiente, uma vez que eles podem nos fornecer informações sobre as respostas da vida a perturbações ambientais que poderão auxiliar o entendimento da habitabilidade planetária, contribuindo para a busca da vida fora da Terra. A radiação UV-C pode ser um dos fatores de maior controle no tipo e distribuição de vida em ambientes extraterrestres, principalmente no ambiente interplanetário e em planetas com baixa absorção de UV pela atmosfera. Desse modo, este trabalho teve como objetivo a identificação molecular de 25 bactérias isoladas de solo Antártico e avaliação do efeito da radiação UV-C na sobrevivência destes micro-organismos. Os isolados foram identificados através do sequenciamento do gene do RNAr 16s, o que permitiu a classificação dos mesmos em 7 gêneros distintos: Arthtrobacter, Planococcus, Cryobacterium, Psychrobacter, Sporosarcina, Chryseobacterium e Pseudomonas. Para a avaliação do efeito da radiação UV-C os isolados foram primeiramente avaliados quanto aos seus perfis de crescimento através da construção de curvas de crescimento. Em seguida, foram submetidos, ao fim da fase Lag, a doses de UV-C entre 100 e 1200 J.m-2 e plaqueados em meio LB sólido para a contagem de colônias sobreviventes e construção de curvas de sobrevivência relacionando N/N0 e dose. Dez isolados apresentaram resistência ao UV-C e dentre estes, dois se destacaram, apresentando resistência até a dose de 800 J.m-2. Estas duas estirpes pertencem à espécie Pseudomonas fluorecens, a qual possui um pigmento fluorescente (pioverdina) capaz de absorver radiação UV-C, podendo ocasionar proteção dos constituintes da célula microbiana contra os efeitos deletérios da radiação. Os resultados observados indicam que essas bactérias apresentam mecanismos de resistência à radiação UV-C, que permitem sua adaptação às condições extremas encontradas no ambiente Antártico, destacando assim, seu potencial como modelos de estudo para a busca de vida em outros locais do Universo.


Palavras-chave:  Antártica, Astrobiologia, Extremófilos, Radiação UV