Resumo

No Brasil, tradicionalmente o cafeeiro é cultivado a pleno sol, o que faz com que a cultura seja mais exigente em insumos e fertilizantes. Uma alternativa a este modelo é o cultivo de cafeeiros de modo arborizado, o que os torna menos dependentes de insumos devido ao favorecimento da atividade biológica no solo, promovida pelo aumento da matéria orgânica e ciclagem de nutrientes no solo. Um dos principais constituintes da comunidade microbiana do solo são os fungos micorrízicos arbusculares (FMA). Os cafeeiros apresentam elevada dependência à colonização por estes fungos. O cultivo do cafeeiro consorciado com espécies arbóreas pode alterar a dinâmica e a diversidade dos FMA na rizosfera do cafeeiro, favorecendo a micorrização. Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a influência do cultivo de seringueira na entrelinha de cafeeiros sobre o número esporos, a colonização radical do cafeeiro e a diversidade de FMA. O estudo foi realizado em um experimento de longa duração conduzido a campo na estação experimental do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) em Londrina-PR. Os tratamentos foram seringueira em consórcio com o cafeeiro, cultivada em filas duplas nas linhas do cafeeiro em diferentes espaçamentos (13.0m;16.9m e 22.1m por 4m), mais os controles cafeeiro e seringueira em monocultivos. O delineamento no campo foi de blocos casualizados com 5 repetições. Foram coletados em cada parcela, amostras de solo compostas de 3 sub-amostras, nas profundidades de 0-10, 10-20 e 20-40 cm, e amostras de raízes. Avaliou-se o número de esporos no solo, a colonização radicular e a diversidade de FMA. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas por meio do teste de “Duncan” (P<0,05) O cultivo da seringueira na entrelinha do cafeeiro aumentou a densidade de esporos dos FMA no cafeeiro, na maior profundidade avaliada. Não se observou alterações na colonização radical do cafeeiro.