Resumo

Os S. aureus e Staphylococcus coagulase-negativa resistentes à meticilina têm relevância na sua ocorrência em ambientes hospitalares e comunitários. Estudos relatam cepas em diversas espécies animais, provenientes de variadas fontes inclusive o homem. Dessa maneira, o estudo desses micro-organismos e o seu papel na área animal contribuem para o conhecimento de ocorrência de possíveis anfixenoses em comunidades, entre elas os assentamentos rurais, carentes de estudos voltados à sanidade e conhecimento do uso indiscriminado de fármacos na veterinária. Foram realizadas visitas domiciliares em três assentamentos rurais dos municípios de Campos dos Goytacazes, Itaperuna e São Fidelis, sendo coletadas amostras com o auxílio de suabes em meio Stuart, de cavidades nasais, orais e de outras partes anatômicas em animais de companhia e de produção. Encaminhadas para o LSA/CCTA/UENF, as amostras foram incubadas em caldo BHI com NaCl 7,5% a 37ºC por 48 horas e em seguida semeadas em Agar Manitol NaCl 7,5% e Agar sangue suplementado de 5% de sangue ovino. A pesquisa de sensibilidade a 12 fármacos foi realizada pelo método de disco de difusão em Agar. Amostras bacterianas multirresistentes e resistentes à oxacilina (OXA) e a cefoxitina (CFO) foram submetidas à análise molecular por PCR multiplex, para detecção do gene mecA. Na investigação das cepas do gênero Staphylococcus, 52,63% foi identificada como Staphylococcus coagulase-negativos e das cepas de Staphylococcus coagulase-positivas pode-se notar a maior ocorrência de S. intermedius com 41,17%, seguido de S. aureus com 17,65%. Entre todas as amostras o perfil de maior resistência foi de 47,37% para amoxicilina, 36,84% para penicilina e 15,79% para tetraciclina. A resistência à OXA é indicativo de detecção do gene mecA e obteve resistência em oito (21,05%) amostras. Três isolados foram resistentes a CFO, que é outro indicativo de resistência à meticilina. Na análise molecular, o gene mecA foi detectado em cinco (38,46%) das 13 amostras testadas, onde duas foram resistentes e três sensíveis à OXA. Os estafilococos resistentes à OXA estão cada vez mais resistentes aos antibióticos beta-lactâmicos atualmente disponíveis e, como a OXA ainda é um fármaco de escolha no tratamento de infecções estafilocócicas graves no homem, seu monitoramento, isolamento e perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos na prática veterinária são importantes devido ao caráter anfixenótico destas bactérias. O surgimento de isolados que apresentam o gene mecA, mesmo sendo sensíveis a OXA e CFO é indicativo preocupante, visto que sofrem pressão seletiva pelo uso indiscriminado de beta-lactâmicos.