27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:1464-1


Poster (Painel)
1464-1Evidência de transmissão vertical de simbiontes bacterianos em coral endêmico brasileiro.
Autores:LEITE, D.C.A. (IMPG/UFRJ - Inst. de Microbiologia, Univ. Federal do Rio de Janeiro) ; Carmo, F.L. (IMPG/UFRJ - Inst. de Microbiologia, Univ. Federal do Rio de Janeiro) ; Santos, H.F. (IMPG/UFRJ - Inst. de Microbiologia, Univ. Federal do Rio de Janeiro) ; Rosado, A.S. (IMPG/UFRJ - Inst. de Microbiologia, Univ. Federal do Rio de JaneiroCORAL VIVO - Projeto Coral Vivo) ; Pires, D. (MN/UFRJ - Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de JaneiroCORAL VIVO - Projeto Coral Vivo) ; Castro, C.B. (MN/UFRJ - Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de JaneiroCORAL VIVO - Projeto Coral Vivo) ; Peixoto, R.S. (IMPG/UFRJ - Inst. de Microbiologia, Univ. Federal do Rio de JaneiroCORAL VIVO - Projeto Coral Vivo)

Resumo

A ‘Teoria da Evolução do Hologenoma' proposta recentemente sugere que os corais recifais, e outros organismos multicelulares, são capazes de adaptar-se ao estresse ambiental através de alterações em suas comunidades microbianas. O holobionte é definido a soma do organismo hospedeiro e toda a sua microbiota simbiótica; e o hologenoma é a soma das informações genéticas de todos eles. Segundo esta teoria, sugere-se que o holobionte deve ser considerado uma entidade única de seleção no processo evolutivo e herdado (com ou sem modificações) ao longo das gerações. A transferência vertical de microbiota já foi descrita em outros organismos marinhos como esponjas, mas ainda é controversa em corais. Tendo em vista que os recifes de corais constituem ecossistemas marinhos com grande biodiversidade e é sugerido que os micro-organismos desenvolvem um papel essencial na adaptação e evolução dos corais, este estudo teve como objetivo verificar a ocorrência de transferência vertical de bactérias em uma espécie de coral endêmica do Brasil (Mussismilia hispida). O estudo foi conduzido em Arraial d’Ajuda, BA, Brasil. No momento da desova, foram coletados pólipos de coral e seus respectivos pacotes hermafroditas de gametas. Parte dos pacotes foi colocada em aquários para fecundação e desenvolvimento das larvas (3 – 5 dias). As amostras de água, coral, pacotes (gametas) e larvas foram submetidos à extração de DNA por lise direta. A estrutura da comunidade bacteriana foi avaliada através da técnica de PCR-DGGE. Posteriormente, foram excisadas bandas do gel a fim de identificar os gêneros bacterianos presentes nas amostras. De modo geral, foi possível verificar que existe uma comunidade bacteriana associada aos pacotes de gametas e às larvas, e que estas comunidades são mais similares à microbiota do coral adulto, quando comparadas às comunidades microbianas presentes na água. Os gêneros Loktanella, Roseobacter, Marivita, Oceanicaulis e Synechococcus ocorreram na água do mar; e Halomonas e Clostridium foram encontrados exclusivamente no coral adulto. Foi, ainda, verificado que os gêneros Pseudomonas e Burkholderia são transmitidos verticalmente até a fase de larvas em M. hispida.