Resumo

Os animais silvestres podem ser uma fonte importante da transmissão de doenças infecciosas ao homem. Há um interesse especial devido a grande relação entre seres humanos e esses animais, a escassez do conhecimento sobre doenças nas populações de animais silvestres, e da falta geral de métodos de manejo para os mesmos. A emergência de doenças zoonóticas tem ocorrido em uma escala mundial em um amplo espectro de espécies e habitats. As aves silvestres, dentre elas a ema (Rhea americana) saudáveis ou doentes, podem carrear uma grande diversidade de micro-organismos e, portanto, o conhecimento sobre o status sanitário de animais permite uma avaliação quanto à possibilidade destes animais atuarem como portadores de microrganismos patogênicos bem como atuar como elemento esclarecedor da epidemiologia de doenças transmissíveis, aspecto fundamental para a preservação da saúde animal e também humana. A presença desses animais em proximidade com o homem e seus animais domésticos favorece a circulação de micro-organismos entre esses indivíduos e a resistência antimicrobiana é uma preocupação mundial de saúde pública e saúde animal, influenciada pelo uso de agentes antimicrobianos na medicina humana e veterinária. Este trabalho teve como objetivo isolar micro-organismos envolvidos potencialmente causadores de zoonoses, que colonizam as emas de um criatório conservacionista ao sul do Espírito Santo e do criatório da Universidade Estadual do Norte Fluminense, totalizando 17 aves e, avaliar resistência a antibióticos. Metodologia: as bactérias foram isoladas por cultivo em diferentes meios sólidos e líquidos e sua classificação por técnicas bioquímicas de rotina. Antibiogramas foram realizados pela técnica de difusão em disco frente a onze diferentes fármacos para bactérias gram-negativas e doze fármacos para gram-positivas. Resultados: foram identificadas espécies microbianas patogênicas de caráter zoonótico como: E.coli em todas as aves (100%), que se mostraram sensíveis a todos os antibióticos testados; Enterobacter sp. (10%) resistente a cefoxitina e cefalotina, Micrococcus sp.(20%), resistente a eritromicina e Enterococcus sp. (10%), que apresentou resistência frente a eritromicina, gentamicina, clindamicina e sulfazotrim. Conclusão: Os dados demonstram que esta espécie pode albergar patógenos resistentes ou multiresistentes a antimicrobianos, representando riscos a saúde publica.