25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:2547-1


Área: Fermentação e Biotecnologia ( Divisão J )

DEGRADAÇÃO DE PATULINA POR COMPOSTOS BIOATIVOS OBTIDOS DE LEVEDURA

Marcos Giovani Celli (UNESP); Elisa Yoko Hirooka (UEL); Crispin Humberto Garcia-cruz (UNESP)

Resumo

A patulina, toxina com potencial carcinogênico, mutagênico e teratogênico produzida por Penicillium spp, Aspergillus spp e Byssoclamys spp, pode ser encontrada em maçãs, sucos comerciais e outros produtos não fermentados constituindo-se num problema neste setor agroindustrial. Em bebidas fermentadas, não deve ser detectável mesmo que a matéria-prima esteja visivelmente contaminada, pois é degradada pelas leveduras utilizadas no processo.

O presente trabalho teve como objetivo degradar patulina pela ação de um composto bioativo produzido por levedura, visando sua aplicação em derivados de maçã não fermentados.

Para obtenção deste composto ativo, Saccharomyces cerevisiae pré-condicionada ao crescimento em meio contendo toxina foi crescida por 48 horas em suco de maçã despectinizado sob condições anaeróbicas, sem agitação, à 25°C. O sobrenadante de cultivo foi separado da biomassa por centrifugação e esterilizado em membrana esterilizante de 0,45U para obtenção do extrato bruto estéril. Este foi ultrafiltrado a 4°C em membrana de celulose regenerada da Millipore® com um ponto de corte (MWCO) de 10000 Da. O extrato bruto estéril e a fração ultrafiltrada foram inoculadas com 3 µg de patulina/mL e mantidos a 25°C sem agitação para avaliação da cinética de degradação da toxina obtida pela quantificação da patulina nos tempos de 0, 16, 24, 32, 48, 72 e 96 horas.

A micotoxina foi quantificada por CLAE em sistema isocrático de fase reversa utilizando coluna C18 e detector UV a 275 nm. O grau de recuperação alcançado foi de 86,24% e os limites de detecção e de quantificação foram 4,3 e 8,6 μg/L, respectivamente.

Na cinética de degradação de patulina pelo extrato bruto estéril as análises em 96 horas mostraram uma redução de 55,7% da toxina inicialmente adicionada. Nas primeiras 48 horas foi obtida uma maior taxa de degradação de 50% da toxina, seguido de uma degradação mais lenta de apenas 5,7% nas 48 horas restantes de análise. A concentração de patulina no suco de maçã estéril utilizado como controle, permaneceu em 93% até o final das análises.

Na cinética de degradação de patulina pelo extrato ultrafiltrado inoculado com 3,0 µg de patulina/mL, foi obtida uma degradação de 65,6% em 16 horas e total eliminação da toxina em 24 horas, sendo que no controle, constituído de água estéril e toxina, a concentração permaneceu em 98,3% neste mesmo tempo. A membrana empregada na ultrafiltração com ponto de corte de 10000 Da reteve o composto bioativo e o este extrato apresentou maior eficiência na remoção de patulina.

 

Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

 


Palavras-chave:  patulina, Saccharomyces cerevisiae, detoxificação