MICROBIOTA AUTÓCTONE E DE SOLO CONTAMINADO COMO FONTE DE MICRORGANISMOS PARA USO EM BIORREMEDIAÇÃO

Eduardo Muniz Santana-bastos (FTC); Yang Requião (FTC); Michele Lúcia Brito-lima (FTC); Alessandra Argolo Espírito-santo (FTC); Luis César Paulilo (FTC); Vitor Hugo Moreau (UFBA/ICS); Astria Dias Ferrão-gonzales (FTC)

O biodiesel é um combustível renovável produzido por reação de transesterificação de óleos vegetais e/ou gordura de animal com álcoois de cadeia curta. Devido a natureza deste biocombustível, acredita-se que seja completamente biodegradável, porém pesquisas vêm demonstrando que, a depender da concentração, este combustível pode causar impactos à microbiota do solo, comprometendo o equilíbrio dos ecossistemas terrestres. A biorremediação de áreas contaminadas empregando microorganismos previamente selecionados é uma alternativa eficiente para este problema. O presente trabalho objetivou isolar, selecionar e identificar microorganismos degradadores de biodiesel. Para tanto, amostras de solo não contaminado (SV) e de solo com contaminação proveniente da água de lavagem gerada na produção de biodiesel foram utilizados como inóculo de microrganismos (SC). Estes inóculos foram adicionados a um meio mínimo (minerais), com 1% de biodiesel. Após incubação, foram isolados quarenta morfotipos, sendo 31 de bactérias e 9 de fungos. Estes microrganismos foram submetidos a testes enzimáticos para avaliar in vitro sua capacidade oxidativa. O teste da desidrogenase revelou que 32 microrganismos apresentaram capacidade de oxidar o biodiesel quando colocados em meio de cultura contendo o combustível como única fonte de carbono. Os demais não foram capazes de oxidar. Sugere-se que tais microorganismos só consigam degradar o biodiesel quando em consórcio. A produção das enzimas lipase e esterase também foi usada como indicadora da oxidação. Dos microrganismos avaliados, três isolados de SV e dois de SC exibiram elevada atividade destas enzimas indicando capacidade de oxidação. Estes microrganismos poderiam ser considerados como bons candidatos para uso em biorremediação de solos contaminados por biodiesel. A toxicidade do biodiesel foi avaliada utilizando teste de germinação com sementes de alface. Os resultados demonstram que a taxa de germinação decresceu com o aumento da concentração do biodiesel, sugerindo a toxicidade do mesmo. Estão sendo realizados procedimentos de amplificação e sequenciamento do gene 16s rRNA  visando a identificação genética dos microorganismos isolados.