25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:2450-1


Área: Microbiologia Geral ( Divisão H )

ANÁLISE DA VARIABILIDADE GENÉTICA ATRAVÉS DE ELETROFORESE DE MULTILOCOS ENZIMÁTICOS E PERFIL DE RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS EM BACILLUS CEREUS E BACILLUS THURINGIENSIS

Sônia Ermelinda Alves da Silva (IOC); Leon Rabinovitch (IOC)

Resumo

Bacillus cereus senso lato, é composto por B. cereus senso stricto, um patógeno humano associado principalmente a doenças de transmissão alimentar; B. thuringiensis, um enteropatógeno; B. anthracis, agente etiológico do anthrax; B. mycoides e o B. pseudomycoides, ambos caracterizados pelo crescimento rizóide; e o B. weihenstephanensis, psicrotolerante.  No presente trabalho, objetivou-se estudar a diversidade genética através da eletroforese de multilocos enzimático (MLEE) utilizando estirpes de B. cereus e B. thuringiensis e aplicar os dados obtidos na taxonomia numérica para contribuir na sistemática do gênero. Foram analisadas, por MLEE e resistência aos antimicrobianos, 165 estirpes de Bacillus, sendo 110 de B. cereus e 55 de B. thuringiensis. Foram obtidos 131 tipos eletroforéticos, sendo 96 em B. cereus e 35 em B. thuringiensis. A análise numérica baseada nos tipos eletroforéticos considerou as espécies B. cereus e B. thuringiensis como única espécie, sendo a segunda espécie uma variante da primeira portadora de cristais protéicos. Nenhuma correlação foi encontrada entre os tipos eletroforéticos, provas bioquímicas, fisiologia, resistência aos antimicrobianos, sorotipagem ou mesmo locais de isolamento, exceto para os isolados de uma epizootia. A MLEE é uma técnica com alta reprodutibilidade, pois estirpes caracterizadas em diferentes épocas apresentaram o mesmo perfil eletroforético e também, para diferenciar estirpes bacterianas quando envolvidas em casos de epidemias ou de surtos. O loco NP é monomórfico em B. cereus e B. thuringiensis, podendo ser considerado como um alelo diagnóstico quando compara-se estas espécies com outros Bacillus. Dados da diversidade genética, número médio de alelos por locos é de P=0,95; foram utilizados para a análise da variação genética das espécies e, indicaram que B. cereus e B. thuringiensis são bactérias do grupo que trocam material genético com facilidade. Sendo B. cereus mais polimórfico que o B. thuringiensis. Apesar do fluxo gênico, existem grupos com reprodução clonal ubiquitário bem adaptados como o B. thuringiensis sorovar israelensis. Além disso, foram vistos outros exemplos entre estirpes isoladas de regiões geográficas distintas com o mesmo perfil eletroforético. Não foi possível separar os sorovares de B. thuringiensis pela MLEE em grupos específicos, mostrando que os sorovares não são entidades genéticas e sim grupos geneticamente heterogêneos. Ciprofloxacina foi o único antimicrobiano que apresentou 100% de sensibilidade para as duas espécies estudadas. B. cereus e B. thuringiensis revelaram ter uma múltipla resistência aos antimicrobianos, sendo maior na primeira espécie. Estirpes de B. thuringiensis isoladas de fontes naturais, como solos e insetos, apresentam perfis de resistência aos antimicrobianos mais próximos entre eles do que aqueles apresentados em estirpes isoladas de pacientes e, ou, alimentos que apresentam perfil semelhante ao do B. cereus.


Palavras-chave:  Patogênicos, Bacillus, Multilocos, Antimicrobianos, Entomopatogênicos