25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:2406-1


Área: Microbiologia de Alimentos ( Divisão K )

INIBIÇÃO DO CRESCIMENTO DE SALMONELLA ENTERICA POR BOVICINA HC5 ASSOCIADA A EDTA

Cláudia Vieira Prudêncio (DMB - UFV); Hilário Cuquetto Mantovani (DMB - UFV); Maria Cristina Dantas Vanetti (DMB - UFV)

Resumo

Salmonella é um gênero de bastonetes gram-negativos amplamente relacionado a incidência de doenças de origem alimentar em diversos países do mundo. O envelope celular deste grupo de bactérias favorece a resistência a agentes antimicrobianos como antibióticos e bacteriocinas de bactérias gram-positivas.

Bacteriocinas são peptídeos sintetizados ribossomicamente com propriedades antimicrobianas que exercem efeito bactericida ou bacteriostático sobre outras bactérias. Bovicina HC5 é uma bacteriocina produzida por Streptococcus bovis HC5 capaz de inibir bactérias gram-positivas patogênicas e deterioradoras de alimentos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de bovicina HC5 associada a EDTA sobre células de Salmonella.

            S. enterica sorotipo Typhimurium ATCC 14028 foi cultivada em caldo cérebro coração (BHI) a 35 ± 2 °C por um período de 18 a 20 horas. As células foram centrifugadas a 2500 g, lavadas com solução salina peptonada 0,1 % e ressuspendidas em 5 ml de caldo BHI. Bovicina HC5 foi extraída da cultura de S. bovis HC5 e a atividade antimicrobiana avaliada com o indicador Lactococcus lactis ATCC 19435 pelo método de difusão em ágar, quantificada pelo método de diluição crítica e expressa em unidades arbitrárias (AU ml-1). A solução de EDTA foi preparada em água destilada e esterilizada em autoclave a 121 °C por 15 minutos. A concentração do inóculo foi ajustada para 7 log 10 UFC ml-1 e distribuído em microplacas de ELISA. Foi feita adição de EDTA (1,6 mmol-1) e de bovicina HC5 nas concentrações de 50, 100, 150 e 200 AU ml-1. Durante as 48 horas de incubação a 35 ± 2 °C foram feitas leituras de absorvância a 630 nm em diferentes intervalos de tempo em leitor de microplacas.

            Bovicina HC5 isoladamente não exerceu alterações significativas no crescimento de S. Typhimurium, mas na presença de EDTA houve inibição completa do crescimento bacteriano nas diferentes concentrações utilizadas. Embora a membrana externa desta bactéria atue como barreira a ação de bacteriocinas de bactérias gram-positivas, o uso de EDTA ocasiona uma desestabilização nesta estrutura. Acredita-se que este agente atue como quelante se ligando aos íons cálcio e magnésio, responsáveis por ligações que fortalecem a membrana externa. A ausência destas ligações permitiria a ação de bovicina HC5, possivelmente pela formação de poros na membrana plasmática.


Palavras-chave:  BACTERIOCINAS, BOVICINA HC5, SALMONELLA