PERFIL DE SUSCETIBILIDADE ANTIMICROBIANA EM SALMONELLA SPP. ISOLADAS DE FONTE HUMANA NO RIO DE JANEIRO

Thais Guimarães Martins (FIOCRUZ); Norma dos Santos Lazaro (FIOCRUZ); Márcia Lima Festivo (FIOCRUZ); Emily Moraes Roges (FIOCRUZ); Eliane Moura Falavina dos Reis (FIOCRUZ); Ana Lucia Fontineli (LACEN-RJ); Fátima Rejane Wink dos Santos (LACEN-RJ); Mayara dos Santos Araújo (FIOCRUZ); Dália dos Prazeres Rodrigues (FIOCRUZ); Glaucia Cristina Marques da Silva (FIOCRUZ)

Introdução: Relacionada à existência de genes disseminados no ecossistema global, a resistência aos antimicrobianos adquirida é descrita praticamente em todas as espécies, infectando agentes etiológicos de diferentes nosologias, entre estes, Salmonella spp. Até os anos 80, AMP-CHL-SXT representaram a opção terapêutica para salmonelose invasiva, gradativamente substituída pelos aminoglicosídeos. Com a redução da eficácia, cefalosporinas e quinolonas de última geração vem sendo empregadas, contudo a literatura aponta falha terapêutica pelo aumento da resistência a estas drogas.  Material e Métodos: No presente estudo avaliou-se a suscetibilidade a onze fármacos representativos de diferentes classes de antimicrobianos em 175 cepas de Salmonella de origem humana, isoladas nos últimos cinco anos no estado do Rio de Janeiro (RJ). Discussão dos Resultados: Do total de 13 sorovares, S.Enteritidis (46%) e S.Typhimurium (23%) foram os prevalentes. A frequência de S.Enteritidis se coaduna com dados reportados na literatura, particularmente em infecção humana de transmissão alimentar. No computo geral, 69% apresentaram Resistência a uma ou mais classes de drogas, 6% Intermediário e 25% Sensíveis. Destacam-se percentuais mais elevados para NIT (54%) e NAL (32%), incluindo resistência a ≥2 drogas, e sensibilidade absoluta para CIP, FOX e CRO. A correlação entre níveis de resistência e período de isolamento não mostra aumento nestes índices, indicando sua contínua circulação. Os resultados obtidos para NIT alertam sobre o uso impróprio deste fármaco, proibido pelo MAPA (2003) para uso veterinário, porém ainda empregado na clínica humana. A resistência ao NAL representa um alerta, uma vez que precede às fluoroquinolonas, drogas de escolha para o tratamento de infecções por Salmonella multirresistentes em adultos. Resistência aos betalactâmicos apresentou-se reduzida, diferente do observado em outras regiões. Estes representam 50% das drogas utilizadas de forma sistêmica, pela baixa toxicidade e grande variedade de compostos disponíveis, sendo indicadas no tratamento da salmonelose em crianças. Conclusão: Atividades de monitoramento devem ser contínuas, tendo em vista que um inevitável efeito colateral do uso de antimicrobianos é a adaptabilidade e evolução do genoma bacteriano, com disseminação para a microbiota endógena do homem e animais.