PARACOCCIDIOIDES BRASILIENSIS EM LESÃO DE OMBRO ESQUERDO E LINFONODO CERVICAL

Marcelo Magalhães da Silveira Neto (CICC); Raquel Jacques de Farias (UFPE); Daisy Nunes de Oliveira Lima (CICC); Maria das Graças Granja Mattos (CICC); Túlio Paes Mendonça Lima (CICC); Rejane Pereira Neves (UFPE)

Paracoccidioides brasiliensis é um fungo dimórfico agente etiológico da paracoccidioidomicose, infecção sistêmica, importante na América Latina, predominante em regiões tropicais e subtropicais. O Brasil é considerado um centro endêmico dessa doença, com destaque nas regiões sul, sudeste e centro-oeste. A primoinfecção é pulmonar, iniciada pela inalação das estruturas fúngicas, sendo posteriormente disseminada para vários órgãos e sistemas, evoluindo para lesões secundárias nas mucosas, nos linfonodos, na pele e nas glândulas adrenais. A doença manifesta-se frequentemente a partir dos 30 anos de idade sob as formas aguda e crônica unifocal ou multifocal. A forma aguda acomete pacientes jovens de ambos os sexos e a crônica prevalece em adultos do sexo masculino, com envolvimento pulmonar e cutâneo, expostos ao fungo pelo trabalho agrícola. A infecção no sexo feminino é rara em função do papel protetor do estrogênio. Neste trabalho é relatado um caso de paracoccidioidomicose em paciente do sexo feminino, 21 anos de idade, no puerpério, em anasarca, apresentando febre, linfonodos, fístula e tumorações cervicais, bem como, abscesso em ombro esquerdo. Foi realizada punção biópsia por agulha fina da lesão no ombro esquerdo e os espécimes clínicos foram fixados em etanol e secos ao ar, sendo corados pela técnica de Papanicolaou e Panótica modificada, respectivamente. Foi realizada também coloração especial pela prata para exame citológico das amostras obtidas do ombro. Concomitantemente, foi realizado exame histopatológico do material do linfonodo. Foram observadas várias células de leveduras birrefringentes de parede celular dupla, brotantes, por vezes em "Mickey Mouse". Havia, ainda, vários neutrófilos, piócitos e eventuais histiócitos, além de substância amorfa de fundo permeada por hemácias bem conservadas. Desta forma, a paracoccidioidomicose é uma doença sistêmica que, embora constitua uma enfermidade inflamatória que responde satisfatoriamente à terapêutica antifúngica, pode apresentar seqüelas graves ou evoluir ao óbito caso o diagnóstico seja retardado ou o tratamento mal conduzido, tornando-se indispensável a atenção às manifestações a fim de estabelecer o diagnóstico e tratamento adequado.