25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:2137-2


Área: Virologia ( Divisão P )

INFECÇÃO PELO PAPILOMAVÍRUS BOVINO TIPO 2 NÃO É SUFICIENTE PARA O DESENVOLVIMENTO DE HEMATÚRIA ENZOÓTICA EM BOVINOS 

Luciana Cavalcanti de Arruda Coutinho (UFRPE); Maria Angélica Ramos da Silva (UFPE); Márcio Costa Reis (UFRPE); Antonio Carlos de Freitas (UFPE); Roberto Soares de Castro (UFRPE)

Resumo

Papilomavírus são encontrados em lesões epiteliais e estão associados a diferentes processos carcinogênicos no homem e em outros animais. Atualmente, estão descritos dez tipos de papilomavírus bovino (BPV) que estão associados com lesões histopatologicamente diferentes. As lesões causadas geralmente são benignas, no entanto, infecções do epitélio por tipos específicos de papilomavírus em associação a co-fatores ambientais e genéticos aumentam o risco de desenvolvimento de tumores malignos. A hematúria enzoótica bovina está associada a compostos carcinogênicos, mutagênicos e imunossupressivos presentes na samambaia (Pteridium aquilinum), acompanhada da infecção pelo BPV tipo 2. A importância da infecção pelo BPV-2 e sua relação com esta doença é alvo de discussão. O objetivo deste trabalho foi avaliar a importância da infecção pelo BPV-2 no desenvolvimento da hematúria enzoótica. Foram analisadas 17 amostras de lesões cutâneas (uma por animal), extraídas de bovinos das raças Girolando e Nelore, de exploração leiteira e de corte, respectivamente. Os animais foram obtidos em sete diferentes propriedades com sistema de criação extensivo e semi-extensivo na região do Recôncavo Baiano, onde a presença da samambaia é mínima e a papilomatose é endêmica. As lesões foram submetidas à extração de DNA e teste de amplificação por PCR com primers de gene constitutivo beta-globina. As amostras positivas no teste foram avaliadas quanto à presença de material genômico de BPV através de nova PCR com primers genéricos (MY09/11 e FAP59/64) e posteriormente, com primers específicos para BPV-2. Do total de amostras avaliadas, 11(65%) foram positivas para beta-globina, e destas, nove (82%)  foram positivas para BPV e para papilomavírus do tipo 2. Estes resultados mostram que o BPV-2 mantém-se circulante na população analisada neste estudo (82% dos animais avaliados). No entanto, nenhum dos animais apresentou qualquer sintoma de hematúria. Isto nos permite sugerir que apenas a infecção pelo BPV-2 não é suficiente para desencadear o processo carcinogênico que levaria ao desenvolvimento de tumores de bexiga em bovinos.


Palavras-chave:  PAPILOMAVÍRUS, BOVINOS, PCR, HEMATÚRIA ENZOÓTICA, BPV-2