25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:2137-1


Área: Virologia ( Divisão P )

PAPILOMAVÍRUS BOVINO NO SANGUE TOTAL : LATÊNCIA E DISSEMINAÇÃO?

Luciana Cavalcanti de Arruda Coutinho (UFRPE); Maria Angélica Ramos da Silva (UFPE); Márcio Costa Reis (UFRPE); Antonio Carlos de Freitas (UFPE); Roberto Soares de Castro (UFRPE)

Resumo

A papilomatose bovina é uma doença causada pelo Papilomavírus Bovino (BPV) e encontra-se amplamente disseminada. Apesar de o contato direto ser uma forma de transmissão bem conhecida, discute-se que outras formas indiretas de contágio podem estar envolvidas na disseminação do BPV. Embora estes vírus sejam descritos como epitélio-específicos, sua presença já foi relatada em diferentes tecidos e fluidos corporais, como sangue periférico, plasma sanguíneo, leite e colostro. Entretanto, somente o sangue periférico é apontado como sítio de latência viral. O objetivo deste trabalho é verificar a presença de BPV no sangue total de animais assintomáticos para papilomatose. Coletaram-se amostras sanguíneas de animais em sete diferentes propriedades com sistema de criação extensivo e semi-extensivo na região do Recôncavo Baiano, que apresentava histórico de papilomatose. Foram escolhidos de forma aleatória, quatro animais por propriedade. Destes, selecionou-se para o estudo somente os assintomáticos, perfazendo um total de 14 animais das raças Girolando e Nelore, utilizados em exploração leiteira e de corte, respectivamente. As amostras de sangue coletadas foram submetidas à extração de DNA e à avaliação da qualidade do mesmo por PCR para beta-globina. As amostras positivas foram analisadas para a presença de BPV por meio de novas PCRs com primers genéricos (MY09/11 e FAP 59/64) e primers específicos para BPV-2. Das 14 amostras avaliadas, 11 (79%) foram positivas para beta-globina. Destas, 10 (91%) foram positivas para BPV e BPV-2. A presença de BPV-2 em 91% das amostras de sangue de animais assintomáticos corrobora com os resultados já descritos, que apontam o sangue como sítio de latência viral para tecidos não-epiteliais e fluidos corporais, potenciais fontes de infecção. Isto significa que é necessário algum fator, além da mera infecção, para que os animais desenvolvam os diversos quadros clínicos associados ao BPV. Este fato justifica o aprofundamento nos estudos sobre a relação entre BPV e o tecido sanguíneo, bem como as formas de disseminação do vírus no organismo bovino e entre os indivíduos desta mesma espécie. 


Palavras-chave:  PAPILOMAVÍRUS, BOVINOS, BPV, SANGUE