25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:2128-1


Área: Virologia ( Divisão P )

INVESTIGAÇÃO DE UM SURTO DE HEPATITE A UTILIZANDO AMOSTRAS DE SALIVA REVELA CO-CIRCULAÇÃO DE SUBGENOTIPOS IA E IB NO RIO DE JANEIRO

Luciane Almeida Amado (Fiocruz); Vanessa Salete de Paula (Fiocruz); Livia Melo Villar (Fiocruz); Marcelo Alves Pinto (Fiocruz); Ana Maria Coimbra Gaspar (Fiocruz)

Resumo

A transmissão do vírus da hepatite A (HAV) é fecal-oral e geralmente ocorre pela ingestão de água ou alimentos contaminados. O contato pessoa a pessoa, principalmente entre crianças facilita muito a disseminação da doença de um indivíduo a outro. As condições inadequadas de higiene e a aglomeração são fatores que colaboram para a ocorrência de surtos epidêmicos em creches e escolas. O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial de utilização de amostras de saliva de indivíduos infectados pelo HAV para caracterização molecular do HAV e investigação de surtos epidêmicos. Este estudo foi conduzido em uma população exposta a um surto de hepatite A ocorrido em uma creche municipal do Rio de Janeiro. A população de estudo foi composta por 126 indivíduos, sendo 65 crianças da creche (± 3,1 anos); 21 funcionários (± 37,1 anos) e 40 indivíduos contactantes (indivíduos que tiveram contato com crianças da creche) (± 5,7 anos). Foram coletadas amostras de saliva de todos os indivíduos, utilizando o coletor Orasure®. A fim de avaliar as possíveis fontes de disseminação do HAV, foram coletadas amostras de água (bebedouros, torneiras e caixa d'água), que foram filtradas em membrana carregada negativamente e concentradas utilizando centriprep. As amostras de saliva foram submetidas ao ELISA para pesquisa de anticorpos anti-HAV IgM e anti-HAV total. As amostras de saliva anti-HAV IgM positivas e as amostras de água foram posteriormente avaliadas para detecção do RNA viral, através do Nested-PCR, utilizando primers para região VP1/2A do HAV. As amostras HAV-RNA positivas foram sequenciadas. Foram detectados anti-HAV total e anti-HAV IgM em 76% (96/126) e 40% (51/126) dos indivíduos, respectivamente. Entre as amostras de saliva anti-HAV IgM positivas, 51% (26/51) foram HAV-RNA positivas pelo nested PCR. Análises filogenéticas destas amostras demonstraram que todas pertenciam ao genótipo I. Foi observada a co-circulação dos subgenótipos IA e IB, sendo 9 amostras classificadas como subgenótipo IA e 17 como subgenótipo IB. O HAV-RNA detectado na amostra de água do bebedouro, classificou-se como genótipo IB e demonstrou homologia com uma amostra isolada de um paciente deste surto. Este estudo demonstrou que a utilização de amostras de saliva é uma alternativa prática em relação ao soro para caracterização molecular do HAV durante a investigação de surtos epidêmicos.


Palavras-chave:  hepatite A, saliva, surto, genotipos