FILOGENIA E DIVERGÊNCIA GENÉTICA DE CEPAS DO VÍRUS DENGUE 1 ISOLADAS NO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 1994 A 2008

Adriana Ribeiro Carneiro (IEC); Ana Cecília Ribeiro Cruz (IEC); Márcio Roberto Teixeira Nunes (IEC); Elizabeth Salbé Travassos da Rosa (IEC); Eliana Vieira Pinto (IEC); Rommel Thiago Jucá Ramos (UFPA); Pedro Fernando da Costa Vasconcelos (IEC)

O vírus dengue (VDEN), agente etiológico da febre do dengue, é um dos mais importantes arbovírus presente nas áreas tropicais do mundo, sendo transmitido principalmente pelo mosquito Aedes Aegypti. A primeira evidência genética de diferenças entre os VDEN do mesmo sorotipo veio de estudos de "fingerprinting" e os grupamentos foram chamados de "topotipos". As variações genéticas têm sido analisadas para os quatro sorotipos deste vírus, entretanto, o VDEN sorotipo 1 (VDEN1) é pouco estudado em termos de diversidade genética. O aumento do número de genomas completos ou de genes específicos de inúmeras cepas de VDEN de diferentes áreas geográficas permitiu um melhor entendimento da evolução desse vírus. A classificação dentro de genótipos está constantemente mudando, à medida que os métodos moleculares e análises evolucionárias melhoram e a disponibilidade de seqüências no banco de dados se expande. O presente trabalho visou realizar a filogenia e o tempo de divergência genética do VDEN1 no Brasil ao nível do gene estrutural E de 29 cepas isoladas durante epidemias ocorridas no Brasil no período de 1994 a 2008. A árvore filogenética foi gerada através do programa PHYML e o relógio molecular foi feito no programa BEAST v 1.4.8. A identidade nucleotídica entre as cepas de VDEN1 do estudo em relação às outras isoladas no Brasil variou de 96,1% a 100%, enquanto o percentual de identidade de aminoácidos foi determinado entre 98,4% a 100%. A análise filogenética para a proteína E realizada por meio do método de máxima verossimilhança para as cepas do estudo e outras cepas selecionadas do banco de dados do Genbank, mostraram que as cepas de VDEN1 isoladas no Brasil desde 1982 pertencem ao genótipo V, e este se apresentou em três subclades (A, B e C), onde as subclade A e B agruparam as cepas do continente americano e na C as cepas oriundas do oeste da África. O tempo de divergência do VDEN1 estimado através da hipótese de relógio molecular mostrou que este vírus teve sua origem definida partir de uma linhagem ancestral há aproximadamente 113 anos, e permitiu também inferir que as cepas de VDEN1 circulantes no Brasil são provenientes da África, quando se considera o ciclo de transmissão em humanos. Dessa forma, são necessários mais estudos para o melhor entendimento da filogeografia do VDEN1, a fim de definir as suas possíveis rotas de entrada no Brasil.