A migração da citricultura para
a região sudoeste do Estado de São Paulo tem sido favorável à ocorrência da
podridão floral dos citros, causada pelo ascomiceto Colletotrichum acutatum, acarretando a abscisão de frutos jovens.
Apesar da importância do patógeno para a cultura de citros, não há informações sobre sua estrutura genético-populacional no Estado.
Para determinar a extensão da diferenciação genética dentro e entre as
populações de C.
acutatum infectando citros, detectar
migrantes e as prováveis rotas migratórias do patógeno, torna-se
fundamental o desenvolvimento de marcadores moleculares adequados, que permitam
diferenciar genótipos do fungonas diferentes populações amostradas. Neste estudo foram desenvolvidos 27 marcadores
microssatélites para C. acutatum, a partir da construção de um banco genômico
enriquecido de microssatélites. Foram encontrados 27 microssatélites, sendo três compostos e 24 simples, dentre os quais 21 dinucleotídeos, um
trinucleotídeo e dois pentanucleotídeos. Dos 27 pares de primers testados em 36
isolados monospóricos do patógeno, amostrados de seis populações distintas em
São Paulo, 24 (89%) amplificaram os locos microssatélites corretamente por PCR,
com temperaturas de anelamento variando de 48°C a 62°C. Dos 24 locos amplificados, dez (42%) foram polimórficos na amostra testada, apresentando
de 2 a 4 alelos, com média de 2,2 alelos por loco, sendo que 14 locos não
exibiram variação alélica. Esses marcadores serão
extremamente úteis para os estudos de genética de populações do patógeno que
estão sendo conduzidos. Investigando a estrutura populacional de patógenos, é possível inferir a distância efetiva de dispersão de propágulos, as fontes
potenciais de diversidade genética e se a principal estratégia
reprodutiva é sexual ou assexual. A diferenciação molecular de populações de C.
acutatum facilitará também estudos epidemiológicos, além de auxiliar os
melhoristas da cultura a aperfeiçoar as estratégias para seleção de variedades
resistentes ao patógeno.