A produção de β-lactamases é um importante mecanismo de resistência aos antimicrobianos β-lactâmicos em bastonetes gram-negativos. Essas enzimas são capazes de hidrolisar o anel β-lactâmico, inativando os antibióticos e tornando a bactéria resistente a drogas como: penicilina, parte das cefalosporinas, incluindo as de amplo espectro, e ao aztreonam. Esse estudo visa conhecer a prevalência de bastonetes gram-negativos produtores de β-lactamases isolados em ambiente comunitário de João Pessoa – PB. 

No período de 01 de março a 31 de maio de 2008 foram isoladas 190 amostras de bastonete gram-negativos no setor de microbiologia do Laboratório de Patologia Clínica – Hemato, na cidade de João Pessoa, Paraíba, das quais 126 (66,32%) foram Escherichia coli, 21 (11,05%) Pseudomonas aeruginosa, 11 (5,79%) Enterobacter spp., 10 (5,26%) Klebsiella spp., 10 (5,26%) Proteus vulgaris, 7 (3,68%) Proteus mirabillis, 4 (2,11%) Salmonella spp. e uma (0,53%) Shygella boydii. Para confirmar a produção de β-lactamases foram realizados teste de sensibilidade aos antimicrobianos. O método utilizado para a identificação de β-lactamases do tipo ESBL foi o de dupla difusão, e para detecção de enzimas AmpC utilizou-se cefoxitina como indutor de sua produção próximo ao disco de cefotaxima. 

Dentre os 190 isolados bacterianos, 18 (9,47%) apresentaram fenótipo produtor de β-lactamases.  As amostras produtoras foram: cinco estirpes de E. coli (27,78%), duas de Enterobacter aerogenes spp. (22,23%), uma de Klebsiella spp. (5,56%) e oito amostras de P. aeruginosa (44,44%). A presença das β-lactamases de espectro estendido (ESBL) foi confirmada em 3,68% dos isolados bacterianos, valor maior do que o registrado em 2001 na mesma cidade, as ESBLs foram produzidas por 4% das E. coli e por 18,18% das Enterobacter spp.. A presença de β-lactamases do tipo AmpC foi confirmada em 38,1% das Pseudomonas aeruginosa, por 36,36% das amostras de Enterobacter spp e em 10% do gênero Klebsiella.  

A tendência mundial no aumento dos índices de prevalência de organismos produtores de β-lactamases confirmadas em João Pessoa revela a importância de ocorrer uma permanente vigilância nos bastonetes gram-negativos produtores dessa enzima para que o tratamento adequado seja escolhido com maior segurança evitando um avanço descontrolado de estirpes produtoras de β-lactamases.