25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:2038-1


Área: Ecologia Microbiana ( Divisão I )

BIOGEOGRAFIA DA COMUNIDADE BACTERIANA DA FILOSFERA DE MAYTENUS ROBUSTA EM DIFERENTES BIOMAS DA MATA ATLÂNTICA

Winston Franz Rios Ruiz (ESALQ/USP); Marcio Rodrigues Lambais (ESALQ/USP); David E. Crowley (UCR)

Resumo

A biogeografia estuda a distribuição dos organismos em relação ao espaço e ao tempo, favorecendo a compreensão dos mecanismos que geram e mantém a diversidade, especiação, extinção e dispersão das espécies. Dentre as florestas tropicais, a Mata Atlântica constitui um mosaico vegetal de grande diversidade, onde a filosfera representa um dos habitats mais comuns para os microrganismos. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a estrutura da comunidade bacteriana da filosfera de Maytenus robusta nas unidades de conservação do Parque Estadual Carlos Botelho, Parque Estadual Ilha do Cardoso e Estação Ecológica de Assis no estado de São Paulo, Brasil. As folhas foram coletadas em duas épocas do ano e a avaliação da estrutura da comunidade bacteriana foi feita através de PCR-DGGE, de um fragmento do gene rRNA 16S. A similaridade entre a estrutura de comunidades de Bacteria foi determinada com base na presença ou ausência das bandas detectadas no gel após PCR-DGGE. O agrupamento hierárquico gerado com o coeficiente de Jaccard e o método UPGMA mostrou a existência de comunidades bacterianas distintas na filosfera de M. robusta nas áreas amostradas. A existência de padrões biogeográficos foi determinada através de regressão linear entre os dados de similaridade da estrutura das comunidades bacterianas e os de distância geográfica entre as árvores amostradas. A correlação negativa observada nas avaliações fornece evidências para suportar a hipótese de que a similaridade entre as comunidades bacterianas da filosfera de plantas da mesma espécie diminui com o aumento da distância entre as árvores, dentro de um mesmo bioma. A avaliação espaço temporal da estrutura da comunidade bacteriana, realizada pela análise discriminante, demonstrou que houve efeito espacial, mas não temporal, na estrutura das comunidades bacterianas da filosfera de M. robusta. Considerando esses fatos, pode-se inferir que em cada bioma, plantas da mesma espécie possuem comunidades bacterianas únicas, as quais não são afetadas pelo tempo, sugerindo a existência de endemismo e baixos níveis de especiação e dispersão das comunidades bacterianas nas áreas avaliadas.


Palavras-chave:  Biogeografia, Ecologia Microbiana, Mata Atlântica, Filosfera, Maytenus robusta