BIOCALCIFICAÇÃO BACTERIANA DE FIBROCIMENTO TRATADO EM MEIO B4 COM UREIA

Juliana Batista Pinto (POLI-USP); Ana Carla Thomaz dos Santos (FATEC-SP); Vanderley Moacyr John (POLI-USP); Márcia Aiko Shirakawa (POLI-USP)

Uma nova vertente de estudos está utilizando a atividade metabólica de microrganismos com a finalidade de aumentar a durabilidade de materiais de construção através da produção de carbonato de cálcio (CaCO₃) - biocalcificação. Este trabalho teve como objetivo estudar a biocalcificação bacteriana em fibrocimento. Este material, usado principalmente em telhas, tem porosidade em torno de 40% e taxa de absorção de água elevada, fator determinante para o crescimento de fungos. Bacillus sphaericus LMG 225 57 foi utilizado como inóculo em cultura de 24 hs em meio líquido YE+U (extrato de levedura 20gL^-1 + ureia 20gL^-1) a 28°C em agitação a 100 rpm. Este foi adicionado aos corpos de prova (CP) de fibrocimento (n=6) dispostos em placas de Petri, tendo sido substituído após 24 horas por meio B4+U (extrato de levedura 1gL^-1; glicose 1gL^-1; acetato de cálcio 5gL^-1; ureia 10gL^-1). Como controle sem bactéria os CPs foram tratados com meio YE+U e B4+U. Como referência foi utilizada amostra sem tratamento. O ensaio foi realizado em temperatura ambiente durante 7 dias. A avaliação do tratamento foi feita através de testes de pH do meio ao final do ensaio, ângulo de contato da água na superfície do material, microscopia eletrônica de varredura (MEV) e absorção de água por imersão total. Após 7 dias, os controles sem inóculo apresentaram pH 11, enquanto que na presença da bactéria pH 8,5 devido à hidrólise de ureia com produção de amônia, criando um tampão que impede grandes variações de pH. Na avaliação do ângulo de contato somente o tratamento com B. sphaericus obteve ângulos mensuráveis para os dez primeiros segundos de contato, com mediana de 77° e máximo e mínimo de 136° e 26°, respectivamente, indicando haver alteração da molhabilidade após a precipitação de carbonato de cálcio na superfície do fibrocimento. A análise por MEV mostrou que as bactérias inoculadas serviram como sítio de nucleação para os cristais de carbonato de cálcio. A taxa de absorção de água por imersão foi analisada através de regressão linear da massa de água absorvida em função da raiz quadrada do tempo de imersão em água. Os resultados evidenciam a eficiência da biocalcificação, com expressiva diminuição de absorção de água pelo fibrocimento tratado por B.sphaericus LMG 225 57 em meio B4+U, em relação ao controle sem bactéria e referência não tratada.