CONTAMINAÇÃO FÚNGICA DE OBRAS RARAS DE UMA BIBLIOTECA PÚBLICA, MUNICÍPIO DE FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL

Victor Ferreira Conde (UECE); Bruno Silva Carvalho (UECE); Roberta Silva Rizzo (UECE); Charles Ielpo Mourão (UECE); Lydia Dayanne Maia Pantoja (UECE); Germana Costa Paixão (UECE)

Em bibliotecas o estudo sobre fungos como agentes biodegradadores de acervos escritos e digitais vem merecendo especial atenção devido à grande quantidade de substratos presentes que facilitam a ação desses microrganismos, e assim, comprometendo a qualidade da conservação e restauração do acervo. A presente pesquisa visa identificar e monitorar as espécies fúngicas mais freqüentes em obras raras de uma biblioteca pública de referência no município de Fortaleza (Ceará), buscando observar a deterioração e verificar a presença de fungos patógenos e alérgenos. Para tanto, no período entre fevereiro e junho/2009 foram realizadas coletas em uma biblioteca pública que apresenta uma média de 10.000 usuários/mês e um grande acervo de obras antigas. As amostras foram coletadas através de swabs estéreis, que foram friccionados por 30 segundos na obra e em seguida, colocados sob agitação em solução salina a 0,9% e transportadas ao Laboratório de Microbiologia (LAMIC) da UECE, onde foram semeadas em placas de Petri contendo ágar batata dextrose (Himedia®) e incubadas por sete dias (25 – 27ºC), após o crescimento, realizou-se contagem global e identificação das colônias fúngicas com base na análise macro e micromorfológica. Foram analisadas 20 obras literárias, das quais foram isoladas e identificadas 37 colônias fúngicas pertencentes a nove gêneros e 13 espécies: Penicillium sp. (37,8%), Aspergillus sp. (13,5%), A. niger (13,5%), A. flavus (5,4%) Trichoderma sp. (5,4%) e os demais fungos isolados (Cladosporium sp., C. cladosporioides, C. sphaerospermum, Paecilomyces variotti, Scopulariopsis sp., Fusarium sp., Acremonium sp., e Alternaria sp.) somam juntos 21,6%. Os dados apresentados constituem um estudo preliminar, onde ao final de três anos de pesquisa, pretende-se adquirir conhecimentos sobre as espécies fúngicas mais incidentes em obras raras, contribuindo dessa forma para o desenvolvimento da micologia ambiental no meio acadêmico e visando fornecer aos gestores de bibliotecas elementos para aprofundar seus conhecimentos na área de preservação e conservação, bem como indicar estratégias de prevenção aos danos às obras literárias de inestimável valor.