SURTO DE KLEBSIELLA PNEUMONIAE PRODUTORA DE KPC EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Eliana Carolina Vespero (UEL); Marsileni Pelisson (UEL); Anna Carolina Rockstroh (UNIFESP); Renata Picão (UNIFESP); Gerusa Luciana Gomes Magalhães (UEL); Márcia Regina Eches Perugini (UEL); Regina Mariuza Borsato Quesada (UEL); Ana Cristina Gales (UNIFESP)
Resumo
Enterobactérias produtoras de KPC, inicialmente isolada nos EUA,
têm se disseminado para vários continentes. No Brasil, têm sido identificadas mais
frequentemente. Nesse trabalho, estão descritas as características de um surto
por Klebsiella pneumoniae produtoras
de KPC em um hospital universitário da cidade de Londrina, Paraná. A partir de
um paciente com sepse transferido de um hospital de outro estado, foram
detectados mais 18 pacientes colonizados/infectados, de fevereiro a abril de
2009. Os isolados foram identificados (MicroScan Walkway, Siemens), avaliados
quanto à susceptibilidade aos antimicrobianps, de acordo com CLSI 2009. As amostras foram submetidas
ao teste de Hodge e PCR para o gene blaKPC.
Posteriormente, foi realizado o seqüenciamento dos genes blaKPCutilizando
o sistema ABI3130 (Applied Biosystems) e a tipagem molecular por PFGE.Todos os isolados apresentaram resistência ao
ertapenem e meropenem e susceptibilidade variável ao imipenem. Os 19 isolados
foram positivos para o teste fenotípico de Hodge e gene blaKPC, o sequenciamento demonstrou que as amostras
eram carreadoras de KPC-2. No PFGE, foram identificados dois clones (A e B) de K. penumoniae, geneticamente não relacionados,
onde os isolados obtidos nos dois primeiros pacientes pertenciam ao clone
A,o qual apresentava pequena
similaridade com o clone B. O primeiro e
o segundo casos apresentaram correlação espacial e temporal. O segundo paciente
e os subsequentes permaneceram internados nas UTI, mantendo a relação temporal.
Dentre os pacientes-caso, 5 (26, 3%) eram pacientes vítimas de trauma, 4 (21,0%) neuropatias, 3 (15,8%) cardiopatas, 3 (15,8%) diagnosticados
com ITU, 2 (10,5%) pneumonia, 1 (5,2%) com tétano e 1 (5,2%) com sepse
relacionadaa cateter. O uso prévio de
carbapenêmicos foi evidenciado em 16 (84,2%) dos pacientes e polimixinas em
11(57,9%). Após a coorte dos pacientes, foi realizado o reforço das medidas de
isolamento e fechamento das UTI, e o surto foi controlado. Neste trabalho foi
relatado o primeiro surto por KPC com casos epidemiologicamente relacionados em
um hospital brasileiro e evidências de transferência de material genético. A
disseminação desse mecanismo de resistência no Brasil é eminente, e os laboratórios clínicos
e as CCIH devem aumentar a vigilância para detecção precoce deste em suas
instituições.