Área: Fermentação e Biotecnologia ( Divisão J ) CINÉTICA DE CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTES POR LEVEDURAS ISOLADAS DE EFLUENTES DE UMA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS
Andrea de Souza Monteiro (UFMG); Vitor Souza Domingues (UFMG); Ezequias P. Siqueira (CPqRR); Ary Corrêa. Jr (UFMG); Vera Lúcia dos Santos (UFMG)
Resumo
Os
biossurfactantes são compostos tensos ativos produzidos por
microrganismos a partir de diferentes
fontes de carbono. Neste
trabalho foram selecionadas novas linhagens de leveduras produtoras
de biossurfactantes isoladas a partir de uma planta de tratamento de
efluentes de uma indústria de laticínios. Dentre os isolados
selecionados, Trichosporon
loubieri CLV20,
Geotrichum sp.
CLOA40 e Trichosporon
montevideense CLOA70
apresentaram as maiores atividades emulsificantes/surfactantes e
foram avaliados quanto à cinética de crescimento e produção
destes compostos. Nos ensaios, as leveduras foram inoculadas em meio
mineral (contendo por litro 3,4 g de K2HPO4,
4,3 g de KH2PO4,
0,3 g de MgCl2.2H2O,
1,0 g de (NH4)2SO4,
0,5 g de extrato de levedura) acrescido de 20 g/L de óleo de
girassol numa concentração celular de 0,02 D.O a 660 nm e incubadas
a 28 ºC com agitação de 180 rpm por até 144 h. Amostras foram
removidas em diferentes intervalos de tempo para determinação da
concentração celular (Log10
de ufc/mL), produção do biossurfactante (g/L), taxa de produção
volumétrica (g/L/h) e atividade emulsificante (índice de
emulsificação-E24).
Os isolados apresentaram taxas de crescimento similares durante a
fase exponencial de crescimento, com aceleração após 24 h. Para
todos os isolados, a produção dos biossurfactantes foi detectada
durante a fase exponencial de crescimento, sendo que cerca de 60%,
59,63% e 59,7%
dos compostos produzidos por CLV20, CLOA40, CLOA70, respectivamente,
foram obtidos na fase exponencial de crescimento (primeiras 72 h).
Estes resultados indicam que a produção dos biossurfactantes
nestes isolados é parcialmente associada ao crescimento, sendo as
biomoléculas produzidas nas fases log e estacionária. A
atividade emulsificante foi linearmente correlacionada com o
crescimento (P<0,001).
Os
biossurfactantes foram caracterizados quanto a sua estabilidade
emulsificante após adição de NaCl e exposição a temperatura de
100ºC. A alta estabilidade observada sugere o potencial destas
moléculas para aplicações comerciais que envolvem condições
extremas. Como estas leveduras crescem e produzem biossurfactantes a
partir de óleos vegetais, acreditamos que resíduos
agrícolas e industriais renováveis, como resíduos de refinarias de
biodiesel, contendo estes substratos constituem fontes de carbono
promissoras para a produção a baixo custo destas biomoléculas.
Palavras-chave: biossurfactantes, atividade emulsificante, leveduras |