25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1861-1


Área: Fermentação e Biotecnologia ( Divisão J )

CINÉTICA DE CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTES POR LEVEDURAS ISOLADAS DE EFLUENTES DE UMA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

Andrea de Souza Monteiro (UFMG); Vitor Souza Domingues (UFMG); Ezequias P. Siqueira (CPqRR); Ary Corrêa. Jr (UFMG); Vera Lúcia dos Santos (UFMG)

Resumo

Os biossurfactantes são compostos tensos ativos produzidos por microrganismos a partir de diferentes fontes de carbono. Neste trabalho foram selecionadas novas linhagens de leveduras produtoras de biossurfactantes isoladas a partir de uma planta de tratamento de efluentes de uma indústria de laticínios. Dentre os isolados selecionados, Trichosporon loubieri CLV20, Geotrichum sp. CLOA40 e Trichosporon montevideense CLOA70 apresentaram as maiores atividades emulsificantes/surfactantes e foram avaliados quanto à cinética de crescimento e produção destes compostos. Nos ensaios, as leveduras foram inoculadas em meio mineral (contendo por litro 3,4 g de K2HPO4, 4,3 g de KH2PO4, 0,3 g de MgCl2.2H2O, 1,0 g de (NH4)2SO4, 0,5 g de extrato de levedura) acrescido de 20 g/L de óleo de girassol numa concentração celular de 0,02 D.O a 660 nm e incubadas a 28 ºC com agitação de 180 rpm por até 144 h. Amostras foram removidas em diferentes intervalos de tempo para determinação da concentração celular (Log10 de ufc/mL), produção do biossurfactante (g/L), taxa de produção volumétrica (g/L/h) e atividade emulsificante (índice de emulsificação-E24). Os isolados apresentaram taxas de crescimento similares durante a fase exponencial de crescimento, com aceleração após 24 h. Para todos os isolados, a produção dos biossurfactantes foi detectada durante a fase exponencial de crescimento, sendo que cerca de 60%, 59,63% e 59,7% dos compostos produzidos por CLV20, CLOA40, CLOA70, respectivamente, foram obtidos na fase exponencial de crescimento (primeiras 72 h). Estes resultados indicam que a produção dos biossurfactantes nestes isolados é parcialmente associada ao crescimento, sendo as biomoléculas produzidas nas fases log e estacionária. A atividade emulsificante foi linearmente correlacionada com o crescimento (P<0,001). Os biossurfactantes foram caracterizados quanto a sua estabilidade emulsificante após adição de NaCl e exposição a temperatura de 100ºC. A alta estabilidade observada sugere o potencial destas moléculas para aplicações comerciais que envolvem condições extremas. Como estas leveduras crescem e produzem biossurfactantes a partir de óleos vegetais, acreditamos que resíduos agrícolas e industriais renováveis, como resíduos de refinarias de biodiesel, contendo estes substratos constituem fontes de carbono promissoras para a produção a baixo custo destas biomoléculas.


Palavras-chave:  biossurfactantes, atividade emulsificante, leveduras