25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1845-1


Área: Micobacteriologa ( Divisão C )

ANÁLISE DA TENDÊNCIA TEMPORAL DE MICOBACTÉRIAS NÃO TUBERCULOSAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

Erica Chimara (IAL); Fernanda Cristina dos Santos Simeão (IAL); Suely Yoko Misuka Ueki (IAL); Lucilaine Ferrazoli (IAL)

Resumo

Introdução: As micobactérias não tuberculosas (MNT) são organismos que estão distribuídos amplamente no meio ambiente, que possuem a habilidade de colonizar e estão implicadas na doença pulmonar e extrapulmonar. Diferentes regiões do mundo tem reportado o aumento do isolamento de MNT, responsáveis por grande número de casos de micobacterioses. No entanto, este padrão possui uma variabilidade geográfica, fortemente associada às características ambientais da região. No Brasil, as doenças causadas por MNT não são de notificação obrigatória e, por isso, não existem dados acerca de sua prevalência. Objetivo: analisar a frequência de MNT no Estado de São Paulo e a tendência no isolamento das espécies mais frequentes. Material e Métodos: Foram levantados os dados de todas as amostras recebidas no Instituto Adolfo Lutz (IAL), no período de 1991 a 1997 e 2003 a 2008, por meio de análise de banco de dados eletrônico. As análises das tendências foram realizadas através de modelos de regressão polinomial. Resultados: O isolamento de micobactérias aumentou 2,6 vezes entre os períodos. O complexo mais frequente, c. M. avium, teve uma diminuição de isolamentos (64,9% para 22,7%) enquanto que a segunda espécie mais frequente, M. kansasii, teve um aumento de 3%. As espécies de crescimento rápido foram as que apresentaram maior índice de aumento, sendo elas M. abscessus (0 para 4,8%), M. peregrinum (0 para 2,5%) e M. fortuitum (3,9 para 7,3%). Espécies que apresentavam baixa frequência de isolamento aumentaram significativamente (0,8 para 5,7%). A análise de tendência mostrou um aumento no isolamento das espécies menos frequentes bem como das espécies que apresentaram identificação inconclusiva. Essa tendência também foi observada nas espécies de crescimento rápido e para M. avium. Conclusão: No período estudado houve um aumento no isolamento de MNT, principalmente das espécies de crescimento rápido. Este fato pode ser explicado pela melhora nas técnicas de identificação, maior suscetibilidade do hospedeiro, aumento de ambientes comuns entre o ser humano e as micobactérias, permitindo uma maior exposição, e aumento de procedimentos invasivos associados a técnicas de descontaminação precárias. A diminuição drástica do isolamento do complexo M. avium provavelmente reflete a introdução da terapia antiretroviral em pacientes HIV positivos.


Palavras-chave:  Isolamento, Micobactérias não tuberculosas, Tendência