Área: Imunologia ( Divisão E ) MAIOR PRODUÇÃO DE NO POR CÉLULAS EPITELIAIS INTESTINAIS INFECTADAS POR EIEC EM RELAÇÃO À SHIGELLA FLEXNERI: UMA EVIDÊNCIA DE DIFERENÇA NA PATOGENICIDADE? Lucas Gonçalves Ferreira (FCF-USP); Ana Carolina Ramos Moreno (FCF-USP); Sandro Rogério de Almeida (FCF-USP); Marina Baquerizo Martinez (FCF-USP)
ResumoEscherichia coli enteroinvasora (EIEC) e Shigella sp causam disenteria bacilar que é caracterizada pela invasão e destruição da mucosa do cólon humano. Amostras de EIEC possuem características bioquímicas, genéticas e patogênicas semelhantes às espécies de Shigella, porém a doença causada por EIEC se apresenta numa forma mais branda e autolimitada. As células do epitélio intestinal participam ativamente da imunidade da mucosa, expressando e secretando uma série de mediadores inflamatórios como citocinas e óxido nítrico (NO). Para melhor entendimento da patogênese de EIEC, estudamos a resposta inflamatória modulada por este microrganismo em células epiteliais intestinais da linhagem Caco-2, comparando-a com Shigella flexneri. Células Caco-2 foram infectadas com EIEC ou S. flexneri por diferentes intervalos de tempo, para posterior análise da capacidade de invasão e disseminação bacteriana (UFC, plaque assay), avaliação da morte celular (FACS) e dosagem de óxido nítrico (GRIESS). Os dados obtidos mostram que a capacidade de disseminação e a indução da morte celular em células Caco-2 foram significativamente maior na infecção por S. flexneri do que EIEC. A capacidade inicial de invadir a célula Caco-2 é semelhante entre ambas, porém, o escape do fagossoma, a proliferação intracelular e a disseminação de EIEC são bastante inferiores aos observados quando comparados com S. flexneri. Interessantemente, houve diferenças significativas entre as duas espécies bacterianas na cinética de produção de NO pelas células Caco-2 infectadas, na qual EIEC mostra uma tendência a induzir uma precoce produção de NO, até o tempo de 12 horas de pós-infecção, apresentando o pico máximo (80 µmol) no intervalo de 6 horas. Já, S. flexneri parece induzir uma produção crescente e mais tardia, com o pico (50 µmol) em 24 horas pós-infecção. A maior produção de NO pelas células infectadas por EIEC, quando comparada com as células infectadas com S. flexneri, está claramente relacionada ao efeito microbicida dessa molécula, evidenciado pelo controle significativo da EIEC durante o curso da disseminação. Estes dados indicam que as células epiteliais intestinais respondem de forma diferente frente a essas duas espécies bacterianas, apresentando uma resposta inflamatória mais eficiente no controle da infecção induzida por EIEC. Apoio financeiro: CNPq / FAPESP
Palavras-chave: células epiteliais intestinais, Escherichia coli enteroinvasora, óxido nítrico |