25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1841-1


Área: Imunologia ( Divisão E )

MAIOR PRODUÇÃO DE NO POR CÉLULAS EPITELIAIS INTESTINAIS INFECTADAS POR EIEC EM RELAÇÃO À SHIGELLA FLEXNERI: UMA EVIDÊNCIA DE DIFERENÇA NA PATOGENICIDADE?

Lucas Gonçalves Ferreira (FCF-USP); Ana Carolina Ramos Moreno (FCF-USP); Sandro Rogério de Almeida (FCF-USP); Marina Baquerizo Martinez (FCF-USP)

Resumo

Escherichia coli enteroinvasora (EIEC) e Shigella sp causam disenteria bacilar que é
caracterizada pela invasão e destruição da mucosa do cólon humano. Amostras de EIEC
possuem características bioquímicas, genéticas e patogênicas semelhantes às espécies de
Shigella, porém a doença causada por EIEC se apresenta numa forma mais branda e
autolimitada.  As células do epitélio intestinal participam ativamente da imunidade da
mucosa, expressando e secretando uma série de mediadores inflamatórios como citocinas e
óxido nítrico (NO). Para melhor entendimento da patogênese de EIEC, estudamos a resposta
inflamatória modulada por este microrganismo em células epiteliais intestinais da
linhagem Caco-2, comparando-a com Shigella flexneri. Células Caco-2 foram infectadas com
EIEC ou S. flexneri por diferentes intervalos de tempo, para posterior análise da
capacidade de invasão e disseminação bacteriana (UFC, plaque assay), avaliação da morte
celular (FACS) e dosagem de óxido nítrico (GRIESS). Os dados obtidos mostram que a
capacidade de disseminação e a indução da morte celular em células Caco-2 foram
significativamente maior na infecção por S. flexneri do que EIEC. A capacidade inicial de
invadir a célula Caco-2 é semelhante entre ambas, porém, o escape do fagossoma, a
proliferação intracelular e a disseminação de EIEC são bastante inferiores aos observados
quando comparados com S. flexneri. Interessantemente, houve diferenças significativas
entre as duas espécies bacterianas na cinética de produção de NO pelas células Caco-2
infectadas, na qual EIEC mostra uma tendência a induzir uma precoce produção de NO, até o
tempo de 12 horas de pós-infecção, apresentando o pico máximo (80 µmol) no intervalo de 6
horas. Já, S. flexneri parece induzir uma produção crescente e mais tardia, com o pico
(50 µmol) em 24 horas pós-infecção. A maior produção de NO pelas células infectadas por
EIEC, quando comparada com as células infectadas com S. flexneri, está claramente
relacionada ao efeito microbicida dessa molécula, evidenciado pelo controle significativo
da EIEC durante o curso da disseminação. Estes dados indicam que as células epiteliais
intestinais respondem de forma diferente frente a essas duas espécies bacterianas,
apresentando uma resposta inflamatória mais eficiente no controle da infecção induzida
por EIEC. Apoio financeiro: CNPq / FAPESP


Palavras-chave:  células epiteliais intestinais, Escherichia coli enteroinvasora, óxido nítrico