DETECÇÃO DE SALMONELLA SP EM PAPAGAIOS (A. AESTIVA E A. AMAZONA) DE VIDA LIVRE APREENDIDOS NO ESTADO DO PIAUÍ

Carlos Zarden Feitosa de Oliveira (UFPI); Yatta Linhares Boakari (UFPI); Juliana Fortes Vilarinho Braga (UFPI); Márcio Leonardo de Morais Nobre (UFPI)

Muitas pessoas têm em casa animais da fauna silvestre nativa brasileira, mantidos como animais de companhia. Estes são adquiridos através do comércio ilegal da vida silvestre, que só é menor que o tráfico de armas e o de drogas. Entretanto, estas pessoas não levam em conta os riscos que correm ao adquirir estes animais, especialmente aves que podem ser reservatórios de uma grande variedade de agentes infecciosos com potencial implicação à Saúde Pública. O estado do Piauí tem um importante papel no tráfico de Animais silvestres, pois, além de representar uma rota de passagem de contrabandos, apresenta-se também como a origem de muitos deles. O objetivo deste trabalho foi detectar a presença de Salmonella sp em papagaios de vida livre clinicamente sadios do Estado do Piauí e verificar a sensibilidade das salmonelas encontradas a diferentes antimicrobianos. Foram coletados amostras de “swab” cloacal de 49 papagaios, de idade entre 1 a 6 meses, apreendidos pelo CETAS/IBAMA em Teresina, PI, e encaminhadas ao LAMIVE/CCA/UFPI, os quais foram submetidos ao enriquecimento seletivo em caldo tetrationato de Kauffmann a 37ºC por 12 - 18 horas e ao mesmo tempo inoculado nos meios ágar Salmonella-Shigella, Hektoen e Verde Brilhante e incubados a 37ºC por 24 horas. As colônias típicas de Salmonella foram identificadas através da coloração de Gram e provas bioquímicas. A identificação sorológica foi realizada no laboratório de enterobactérias do IOC/FIOCRUZ, após a comprovação fenotípica, sendo concretizada pela determinação das estruturas antigênicas somáticas e flagelares através do teste soroaglutinação rápida. Nesta etapa, foram utilizados antissoros polivalentes e monovalentes somáticos e flagelares, produzidos pelo IOC/FIOCRUZ. Das amostras analisadas, 4 (8,2%) apresentaram-se positivas para a presença de Salmonella, classificadas posteriormente, quanto ao sorovar, como Salmonella Hadar. Quanto ao perfil de sensibilidade, as amostras apresentaram-se 100% sensíveis à tobramicina, clorafenicol e ácido nalidíxico; 75% sensíveis à cefoxitina, cefalotina, sulfonamida e sulfametoxazol/trimetoprim; e 50% à amicacina e ampicilina. Conclui-se, portanto, que os papagaios de vida livre apreendidos no Estado do Piauí são reservatórios da bactéria zoonótica Salmonella Hadar, frequentemente isolada no Brasil de aves e produtos de origem avícola.