ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS RESISTENTES A MERCÚRIO E ANTIMICROBIANOS NA BACIA DA BAIA DA GUANABARA, RIO DE JANEIRO – BRASIL

Ana Claudia Santiago de Vasconcellos (ENSP / FIOCRUZ); Adriana de Lima Almeida Bezerra (ENSP / FIOCRUZ); Sheila da Slva Duque (IOC / FIOCRUZ); Ana Luzia Lauria Filgueiras (IOC / FIOCRUZ); Julio Cesar de Faria Alvim Wasserman (UFF); Josino Costa Moreira (ENSP / FIOCRUZ); Raquel Costa de Luca Rebello (ENSP / FIOCRUZ); Paulo Rubens Guimarães Barrocas (ENSP / FIOCRUZ)

INTRODUÇÃO: A Baía de Guanabara é um ecossistema fundamental para a manutenção da flora e da fauna do litoral fluminense. Este sistema é impactado por efluentes domésticos e indústrias contendo vários poluentes, dentre eles o mercúrio (Hg). Este poluente exerce uma pressão seletiva sobre comunidades bacterianas, favorecendo a ocorrência de cepas resistentes. O mecanismo mais comum de resistência ao Hg, mediado pelo gene merA, consiste na redução do Hg(II) a Hg metálico. OBJETIVO: Isolar, identificar e caracterizar bactérias resistentes ao Hg presentes na Bacia da Baía de Guanabara. METODOLOGIA: Foram coletadas amostras de água em 6 pontos da Bacia da Baía de Guanabara. As células bacterianas foram concentradas através de centrifugação e semeadas em placas de LB Agar contendo 5μM de Hg. A concentração mínima inibitória de Hg (MIC) das amostras isoladas foi determinada utilizando concentrações crescentes de Hg (10 a 40μM) adicionadas ao meio LB Agar. A resistência a antimicrobianos foi avaliada usando a técnica de difusão de discos. A presença do gene merA foi investigada pela técnica da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), utilizando iniciadores específicos. A volatilização bacteriana do Hg foi detectada pela técnica de sensibilização de filme de raio-X. As bactérias resistentes foram identificadas pelo kit BD BBL Crystal^TM. RESULTADOS: Foram isoladas bactérias resistentes ao Hg em todos os pontos de coleta, totalizando 34 amostras. A maior parte das amostras (mais de 90%) apresentou MIC igual a 20μM de Hg. Enquanto que cerca de 80% das amostras foram resistentes a mais de 3 antimicrobianos. As 3 cepas mais resistentes ao Hg (MIC ≥ 22mM) e que também foram multi-resistentes aos antimicrobianos,  foram submetidas à reação de PCR e ao ensaio com filme de raio-X. Destas cepas, duas apresentam o fragmento esperado (1239bp) do gene merA e foram capazes de sensibilizar o filme de raio-X pela formação do vapor Hg⁰. Estas amostras foram identificadas como Leclercia adenocarboxylata  e Aeromonas caviae. CONCLUSÃO: Os resultados do estudo apontam para a ubiqüidade da resistência ao Hg nas comunidades bacterianas estudadas. Os dados sugerem ainda uma relação entre níveis elevados de resistência ao Hg e a multi-resistência antimicrobiana. A técnica do filme de raio-X indicou qualitativamente a expressão do gene merA, corroborando os resultados de PCR.