25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1801-1


Área: Micologia Médica ( Divisão B )

MODULAÇÃO DA INTERAÇÃO ENTRE CRYPTOCOCCUS NEOFORMANS E CÉLULAS DO EPITÉLIO PULMONAR POR INIBIDORES PROTEOLÍTICOS UTILIZADOS NA TERAPIA ANTI-HIV

Roberta dos Santos Valle (UFRJ); Erika Araújo Abi-chacra (UFRJ); Andre Luis Souza dos Santos (UFRJ)

Resumo

Cryptococcus neoformans é um fungo oportunista e agente etiológico da criptococose, uma doença que acomete pacientes HIV positivos. A doença se caracteriza por uma infecção pulmonar que pode disseminar-se para vários órgãos. Em função dos altos índices de mortalidade, da resistência aos agentes antifúngicos e da similaridade da apresentação clínica das micoses, as infecções fúngicas vêm despertando grande interesse da comunidade científica em desvendar os mecanismos pelos quais os fungos interagem com o hospedeiro humano, no intuito de buscar estratégicas terapêuticas mais eficazes e menos tóxicas. A cápsula polissacarídica  é considerada o principal fator de virulência expresso por C. neoformans; fator determinante para seleção das cepas utilizadas no presente estudo: T1444, caracterizada por produzir uma grande quantidade de capsula e por ter um corpo celular reduzido; HEC3393, que apresenta um volume capsular menor e um corpo celular maior em relação à T1444; e cap67, um mutante acapsular com um corpo celular grande. Leveduras de C. neoformans são capazes de secretar aspártico peptidases. No presente estudo, testamos o efeito de sete inibidores de aspártico peptidases, dentre eles a pepstatina A e seis inibidores proteolíticos utilizados na quimioterapia anti-HIV (indinavir, nelfinavir, ritonavir, saquinavir, lopinavir e amprenavir), frente à infecção de células do epitélio pulmonar (linhagem A549) pelas três diferentes cepas de C. neofomans. Para tal, as leveduras foram pré-tratadas por 1 hora com os inibidores proteolíticos na concentração de 10 micromolar à temperatura ambiente. O tratamento com os inibidores não alterou a viabilidade das leveduras. Em seguida, os fungos foram lavados em salina e colocados para interagir com as células A549 por 4 horas a 37ºC. Nossos resultados mostraram que a cepa HEC3393 aderiu com maior eficiência, seguida da cepa T1444 e da cepa acapsular. Todos os inibidores de aspártico peptidases utilizados foram capazes de diminuir de forma significativa a interação entre C. neoformans-células A549. Os inibidores de aspártico peptidases foram ainda capazes de inibir o crescimento celular e a degradação de diferentes substratos protéicos. Este estudo justifica-se pela observação de que o tratamento de indivíduos HIV positivos com inibidores de aspártico peptidase do HIV reduz drasticamente as doenças fúngicas oportunistas, sendo este grupo de enzimas (as aspártico peptidases) um excelente alvo para o desenho de novos quimioterápicos contra estes fungos patogênicos.

 

Apoio financeiro: CNPq, FAPERJ, FUJB.


Palavras-chave:  Cryptococcus neoformans, Inibidores proteoliticos, Interação fungo-célula, Terapia Anti-HIV