LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DE CANDIDEMIA DURANTE ONZE ANOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL.

Lucas Xavier Bonfietti (IAL); Marilene Rodrigues Chang (UFMS); Maria Walderez Szeszs (IAL); Sandra Regina Brasil Stolf Pukinskas (IAL); Marilena Martins dos Anjos (IAL); Maína de Oliveira Nunes (UFMS); Marcia de Souza Carvalho Melhem (IAL)

Candida spp. é responsável pela maioria das infecções fúngicas de corrente sanguínea (ICS). Novas espécies, com diferentes perfis fenotípicos de resistência a fluconazol droga mais utilizada na clínica, foram descritas nos últimos anos, como: C. orthopsilosis, C. Metapsilosis e C bracariensis. No Mato Grosso do Sul (MS), assim como em outras regiões do país, há carência de dados epidemiológicos sobre ICS. Este trabalho teve como objetivo determinar freqüência anual de ICS por leveduras, segundo gênero e espécie e unidade de internação, de 1997 a 2007 em Hospital Universitário da Universidade Federal (MS). O isolamento do agente foi por método automatizado (formação de CO2), seguido de crescimemto em ágar cromogênico (ChromAgar Candida) para verificação de culturas mistas. Gênero e espécie foram determinados com análise morfológica e bioquímica. As amostras assim identificadas como C. parapsilosis foram submetidas à analise molecular para determinação das três novas espécies C. parapsilosis, C. orthopsilosis e C. metapsilosis através de restrição enzimática (BanI) do gene SADH. Candida albicans foi responsável por 51 (44,3%) casos, seguido por C. parapsilosis (n=40; 34,8%), C. tropicalis (n=18; 15,6%), C. glabrata (n=5; 4,3%) e C.krusei (n=1; 0,8%). A tipagem molecular demonstrou ocorrência predominante de C. parapsilosis, em relação a C. orthopsilosis (20%). Nas Unidades de Terapia Intensiva(UTI) foi observada a maior parte dos casos, sendo 36,5% neonatal e 26% adulto. Outras unidades foram: Clínica Médica (15,6%), Clínica Cirúrgica (8,7%), Clínica Pediátrica (5,2%), Unidades de Oncologia, Urologia e Berçário (1,7%cada), Doenças Infecto-Parasitárias , Hematologia e Pronto Atendimento (0,8% cada). A distribuição relativa de espécies se manteve constante sendo C. albicans o agente mais frequentemente encontrado, que somado à C. parapsilosis foi responsável por 79,1% das ocorrências. A maioria (82%) dos pacientes de unidades pediátricas, bercário e neonatologia, incluindo UTI apresentou um destes dois agentes, confirmando dados internacionais. O fato de ser menor que 5% a frequência de espécies resistentes (C. krusei) ou com alto potencial de resistência (C. glabrata) ao fluconazol, pode ter impacto na terapia empírica e contínuo monitoramento de ICS por leveduras deve ser implementado para avaliar tendências epidemiológicas destas infecções.