ATIVIDADE ANTIBIOFILME DE EXTRATOS ORIUNDOS DE RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS

Karine Rigon Zimmer (CBIOT - UFRGS); Alexandre José Macedo (UFRGS); Carlos Termignoni (CBIOT - UFRGS)

A expressão de muitos fatores de virulência bacterianos, dentre eles a formação de biofilmes, é controlada pelo sistema quorum-sensing (QS), um sistema de comunicação célula-célula via detecção da densidade populacional bacteriana. Já que a patogenicidade de muitas bactérias é regulada via QS, a inibição deste sistema pode atenuar a virulência bacteriana e proteger o hospedeiro de infecções associadas a biofilmes. Estudos têm demonstrado a diversidade de compostos ativos encontrados em organismos procariotos e eucariotos. Artrópodes, incluindo carrapatos, produzem um arsenal de moléculas ativas driblando assim as defesas do seu respectivo hospedeiro. Além disso, os ovos de carrapatos são expostos ao solo, em local úmido e hostil até a eclosão das larvas, permanencendo viáveis mesmo na presença de microrganismos. O nosso estudo visa a identificação, isolamento e caracterização de compostos ativos, mais especificamente capazes de inibir a formação de biofilme de Pseudomonas aeruginosa (ATCC 35984) e Staphylococcus epidermidis (ATCC 27853) a partir de ovos e larvas do carrapato bovino Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Utilizando o método do cristal violeta avaliamos o potencial de inibição da formação de biofilme de extratos provenientes de ovos, da cera que protege os ovos e de larvas. Além disso, ensaios de motilidade (swimming, swarming e twitching) foram realizados com P. aeruginosa e S. epidermidis. Os extratos testados apresentaram efeito potencial contra os dois modelos bacterianos utilizados, podendo este estar envolvido na interrupção da comunicação bacteriana. O extrato aquoso obtido da cera dos ovos, de ovos inteiros e de larvas inibiu de forma dose-dependente a formação de biofilme de P.aeruginosa. Levando–se em conta o crescente problema de resistência bacteriana apresentado por muitos patógenos, a descoberta de moléculas biologicamente ativas é de imenso interesse na busca por terapias antivirulência para o tratamento de diversas infecções, inclusive àquelas associadas a biofilmes.