INCIDÊNCIA DE ESPÉCIES TERMOFÍLICAS DE CAMPYLOBACTER EM PRIMATAS NÃO-HUMANOS MANTIDOS EM CATIVEIRO.

Sheila da Silva Duque (FIOCRUZ); Jacqueline Darc da Silva Thomé (FIOCRUZ); Wagner Thadeu Cardoso Esteves (FIOCRUZ); Graziele da Silva Mendes (FIOCRUZ); Ana Luzia Lauria Filgueiras (FIOCRUZ)

Introdução: A campilobacteriose é uma zoonose caracterizada por sua distribuição mundial, capaz de causar episódios de diarréia auto-limitada, septicemia e morte. Do ponto de vista da Saúde Pública, a presença de Campylobacter spp. em animais é relevante devido ao importante papel que desempenham como reservatórios, representando um sério risco para a população humana. Objetivo: Este estudo tem como objetivo avaliar a incidência de espécies termofílicas de Campylobacter numa colônia de primatas não-humanos (Rhesus/Macaca mulatta, Cynomolgus/Macaca fascicularis, Mico-de-cheiro/Saimiri sciureus e Saimiri ustus) mantidos em cativeiro no CECAL/FIOCRUZ/RJ. Metodologia: As coletas de 917 swabs fecais foram realizadas de abril a junho de 2009, durante o manejo a que os animais são submetidos anualmente. Seguindo o protocolo adotado como procedimento padrão na rotina do laboratório, as amostras foram semeadas em àgar Colúmbia suplementado com sangue, antibióticos e uma solução redutora de radicais livres. Após incubação a 42ºC/48h em atmosfera de microaerofilia, as placas que apresentaram crescimento típico de Campylobacter foram encaminhadas para o diagnóstico presuntivo, onde as colônias consideradas suspeitas foram coradas segundo o método de Gram para identificação da morfologia celular típica em microscópio óptico. Resultados: Ao todo, foram analisadas 917 amostras, das quais 419 apresentaram Campylobacter spp., representando 45,7% da amostragem. Quando avaliamos a presença de Campylobacter nas espécies de primatas estudadas, também podemos observar índices de positividade superiores aos relatados na literatura científica: 93 Cynomolgus analisados/78 positivos (83,9%); 600 Rhesus analisados/307 positivos (51,2%); 224 Saimiri analisados/34 positivos (15,2%). As análises de Multiplex-PCR utilizando iniciadores específicos para a identificação de espécies termofílicas de Campylobacter estão em fase de desenvolvimento, tornando possível a identificação dos isolados ao nível de espécie, particularmente das amostras cujos testes bioquímicos mostrem-se de difícil interpretação. Conclusão: Uma melhor compreensão sobre a possível presença natural de Campylobacter spp. em espécies de primatas não-humanos mostra-se necessária para o desenvolvimento de métodos adequados de prevenção e controle da campilobacteriose.